A fundação da retalhista sueca premiou, nesta edição, 10 inovações em vez das habituais cinco, que vão também receber o dobro para acelerar os seus esforços e colocar os seus produtos e processos mais sustentáveis no mercado. No total, a edição de 2023 dos Global Change Awards vai distribuir uma bolsa de 2 milhões de euros, além de sessões de mentoria e outras ferramentas, para escalar os produtos e processos de 10 start-ups para o lançamento no mercado.
«Temos uma oportunidade urgente para apoiar as inovações que podem transformar toda a indústria da moda – é por isso que estamos a duplicar a bolsa e o número de vencedores. Estamos a dar a estes inovadores um total de dois milhões de euros e acesso ao nosso programa de aceleração – mas também estamos a dar à indústria uma oportunidade para se ligar com estes brilhantes inovadores. Estou entusiasmado para ver o impacto que estes inovadores vão ter na indústria», afirma Karl-Johan Persson, administrador da H&M Foundation e presidente do conselho de administração do grupo H&M.
Christiane Dolva, responsável pela estratégia na H&M Foundation, acrescenta que há soluções variadas entre os vencedores deste ano. «Se forem escaladas, acredito que podem ter um verdadeiro impacto na indústria – que precisa de uma transformação holística se quisermos atingir um futuro de moda positiva para o planeta. Estamos desejosos de trabalhar com os vencedores durante a aceleração e contribuir para que as suas inovações escalem».
E os 10 vencedores são…
Algreen, Alt Tex, DyeRecycle, KBCols Sciences, Nanoloom, PhycoLabs, Refiberd, Rethread Africa, SDX e Tereform foram os inovadores selecionados para os Global Change Awards 2023.
Também a Alt Tex, do Canadá, usa resíduos da indústria alimentar, mas para produzir tecidos de poliéster. A empresa fermenta resíduos para produzir polímeros, que são depois transformados em fio, usado para produzir um tecido que pode, no final, ser compostado de forma industrial. A start-up planeia escalar o processo e lançar o produto comercialmente no próximo ano.
A britânica DyeRecycle, por seu lado, usa processos químicos sustentáveis para extrair corantes de vestuário velho, que podem posteriormente ser empregues no tingimento de novas peças de roupa. O processo permite reduzir em 85% as emissões de carbono e em 60% a água utilizada. O primeiro piloto deverá ser lançado ainda em 2023.
Já a Nanoloom está a transformar grafeno em têxteis biodegradáveis, que têm ainda como vantagens serem leves, flexíveis, impermeáveis e 200 vezes mais resistentes do que o aço. O primeiro produto da empresa britânica deverá chegar ao mercado dentro de um ano.
A brasileira PhycoLabs está a produzir tecidos a partir de algas, que permite reduzir a pegada ambiental, uma vez que para crescer, as algas necessitam apenas de luz do sol e CO2. A empresa está a trabalhar com produtores tradicionais de algas para a matéria-prima.
A partir do Quénia, a Rethread Africa utiliza resíduos agrícolas de produção de cana de açúcar e milho para fazer biopoliéster. A matéria-prima exige menos recursos, é biodegradável e dá aos agricultores um rendimento extra. A start-up espera começar a trabalhar com marcas em breve para testar o material.
Por último, a também americana Tereform desenvolveu um novo método para reciclar têxteis de poliéster através de oxidação – catalisadores de metais e oxigénio no ar trabalham em conjunto para quebrar as moléculas para que possam ser reutilizadas. O material resultante, indica a empresa, é mais resistente do que o obtido através de métodos de reciclagem tradicionais ou outras formas de reciclagem química. Além disso, o processo permite reduzir em dois-terços as emissões de carbono.