Heimtextil coloca materiais do futuro online

Fibras de iaque obtidas por métodos regenerativos, a Ioncell, obtida a partir de jornais velhos, produtos fabricados com a reciclagem de alcatifas e tecnologias de tingimento que usam resíduos alimentares fazem parte da biblioteca de materiais promovida pela feira de têxteis-lar que pode ser consultada online.

Future Materials Library (Heimtextil 2020) [©Heimtextil]

O cancelamento da edição de 2021 impediu a repetição física da Future Materials Library, uma biblioteca de materiais que tinha sido apresentada com sucesso no ano passado, mas os interessados podem agora conhecer online uma série de novas fibras e tecnologias que estão a chegar ao mercado ou em fases avançadas de desenvolvimento.

A curadoria deste espaço virtual está a cargo do gabinete de tendências FranklinTill, que faz igualmente parte do Heimtextil Trend Council – que está a preparar a apresentação para a próxima edição da feira de têxteis-lar, que se realiza de 11 a 14 de janeiro de 2022. «Estamos a fazer uma transição para uma revolução dos materiais que vai ajudar a restaurar o equilíbrio na nossa relação com o nosso planeta. Como parte das tendências da Heimtextil para 2021/2022, apresentamos uma nova seleção de materiais para aplicações nos interiores com inovações entusiasmantes de todo o mundo», explica Caroline Till, uma das fundadoras do FranklinTill.

Quatro temas em foco

A biblioteca foi organizada pelo gabinete de tendências em quatro temas: Regenerative Crops, Remade Fibres, Harvesting Waste Streams e Sustainable Colour.

Tengri[©Heimtextil]
Ioncell[©Heimtextil]
Na primeira está incluída, por exemplo, a empresa britânica Tengri, especializada em colheitas regenerativas, que obtém fibras raras de iaque a partir de uma cooperativa de pastores nómadas de iaques na região de Khangai, na Mongólia. Nesta área é possível ainda descobrir fibras feitas com kapok ou urtigas dos Himalaias.

Em Remade Fibres, um dos destaques é a Ioncell, uma fibra desenvolvida pela Universidade de Aalto a partir de têxteis usados, polpa ou jornais velhos. A Refibra da Lenzing e a Circulose da Renewcell fazem também parte da seleção.

A utilização de resíduos da indústria para criar fibras têxteis mais sustentáveis constitui o foco da área Harvesting Waste Streams.

Restart by Tarkett [©Heimtextil]
Food Textile [©Heimtextil]
Além do não-tecido obtido de folhas de ananás Piñatex e da Cloudwool, que usa lã de ovelhas criadas de forma sustentável e ética, faz também parte a ReStart by Tarkett, que separa os componentes das alcatifas, que são reciclados para criar novos produtos.

Já a última área, batizada Sustainable Colour, mostra diferentes tecnologias que usam resíduos para tingir têxteis, incluindo a EarthColors da Archroma e a Food Textile, uma empresa japonesa que decidiu dar utilização à enorme quantidade de comida (28 milhões de toneladas) que todos os anos é deitada fora no Japão. O seu processo patenteado usa mirtilos, couve roxa, café e matcha para tingir têxteis, desde vestuário a artigos para casa, com uma oferta de cerca de 50 tonalidades.

«Com as suas diferentes abordagens, estes pioneiros têxteis fornecem um contributo entusiasmante para a transformação do atual sistema linear de produção e consumo num modelo circular. Isso está em linha com os objetivos da Future Materials Library, que pretende convencer tanto os produtores como os consumidores dos benefícios do princípio da economia circular», resume a Heimtextil em comunicado.