Guimarães Home Fashion Week: sucesso ímpar

O modelo único implementado pela Guimarães Home Fashion Week confirmou a sua atratividade nesta terceira edição, que quase duplicou o número de expositores e trouxe a Portugal cerca de 250 compradores internacionais.

João Mendes e Maria Alberta Canizes

Não há duas sem três e à terceira, a Guimarães Home Fashion Week (GHFW) reuniu mais expositores e visitantes do que nas edições passadas, confirmando o sucesso do modelo do evento.

Recorde de expositores

Se em 2016, a GHFW arrancou com 24 expositores e em 2017 reuniu 33 empresas, «este ano temos 53 expositores», revela Maria Alberta Canizes da associação Home From Portugal, que organiza a GHFW. Os números também se multiplicaram do lado dos clientes. «Temos cerca de 250 compradores, de 33 países e dos cinco continentes, da Nova Zelândia ate à Colômbia, Argentina, África do Sul, América Latina, Austrália, Canadá, EUA. E agora vamos procurar outros mercados alternativos na Europa que sabemos que têm capacidade», acrescenta, dando conta da estreia de compradores do Kosovo, Colômbia, Argentina, Chile e Brasil. «Há imensa gente, mesmo de países longínquos a virem por sua conta, o que prova que esta ação está a ter muito interesse, senão as pessoas não vinham. Por exemplo, os russos foram apanhados agora pela greve dos controladores, compraram bilhetes à custa deles e estão aí. Acho que isto é bastante significativo. Esta ação veio permitir que os mercados mais longínquos e que não conheciam a indústria de têxteis-lar portuguesa, a não ser da Heimtextil, vejam efetivamente que aqui se cria, se produz, se exporta e se satisfaz o cliente», considera Maria Alberta Canizes.

Sandra Marino e Carla Augusto

O belga Bruno van Steenberghe, fundador e diretor-geral da Kalani, uma marca focada em roupa de cama de algodão biológico com produção sustentável em Nantes, foi um dos compradores que veio a Guimarães para encontrar novos fornecedores. «Portugal tem as vantagens da rapidez de entrega e da qualidade», afirma o empresário, que se mostrou ainda surpreendido com a oferta nacional presente em Guimarães, nomeadamente com a roupa de cama em malha, e com o próprio evento. «Está muito bem organizado», elogia ao Jornal Têxtil.

Bons contactos e negócios

Durante dois dias, 26 e 27 de junho, os visitantes percorreram os quartos da Pousada de Santa Marinha da Costa e abriram as portas a novos mercados para os expositores, incluindo aqueles que marcaram presença pela primeira vez.

«Disseram-nos que vinham cá pessoas fora do circuito normal e viemos ver», explica Carla Augusto, sócia-gerente da António Salgado, ao Jornal Têxtil. A empresa especialista em colchas e capas de edredão recebeu «vários contactos de alguns possíveis clientes, o que nos deixa alguma expectativa», revela ao Jornal Têxtil Sandra Marinho, diretora comercial da António Salgado.

Ricardo Fonseca
Marco Talina, Carlos Barroso e Pedro Pinto

A Miguel Sampaio Barbosa, por seu lado, aproveitou a GHFW para dar a conhecer a sua marca própria Cuddle Home, que está agora a dar os primeiros passos no mercado com uma coleção desenhada por Katty Xiomara. «Sabemos que a feira é conhecida por vir cá muita gente, como importadores, distribuidores e afins. Queremos começar a criar algum nome e que venha muito sucesso», assume Ricardo Fonseca, sócio da Miguel Sampaio Barbosa.

O sucesso da GHFW no passado impeliu igualmente a Alda Têxteis a marcar presença pela primeira vez. «Com a consolidação do próprio evento, achamos que poderia ser interessante desta vez apresentarmo-nos e compreender quais seriam os proveitos que podíamos tirar da mesma. Viemos com o intuito de conhecer mais clientes, mais pessoas, fazer mais contactos e perceber se também passará por aqui o futuro de exposições da Alda», refere Carlos Barroso, administrador da empresa, que saiu da Pousada de Santa Marinha da Costa com contactos do Japão e do Canadá.

Fernando Pereira

A Apertex, pelo contrário, é totalista nas três edições da GHFW. «As empresas é que fazem com que o local seja bom ou não. Se estamos na nossa terra e temos as melhores empresas aqui, porque não acreditar no nosso local? Só temos é de convencer as pessoas a deslocarem-se cá e a perceberem que estão na terra onde se fazem os têxteis-lar e a verem a qualidade dos têxteis daqui», defende o CEO da empresa, Fernando Pereira. «Sempre acreditei que isto é um início e que daqui a 10 anos poderemos ter aqui uma grande feira», afirma.

João Paulo Silva
Fernando Miller e Lilian Kakakis

O mesmo acontece com a JPS Home & Têxtil. «O conceito é interessante. Nas missões inversas, o comprador vem ter com o produtor. Além disso, nas outras exposições, para além de serem coisas gigantescas, a oferta de produto é muito maior e a concorrência também é maior. Aqui não, aqui é um conceito pequeno, onde os compradores são selecionados – é mais seletivo e mais interessante», considera o sócio-gerente João Paulo Silva. Além disso, sublinha João Pereira, diretor de exportação da Leiper, «a feira está a melhorar em termos de compradores», dando o exemplo de «potenciais clientes australianos que se mostraram muito interessados. É um mercado que nunca trabalhamos mas tem muito potencial porque gostaram muito dos nossos edredões». «Nestas três edições desta feira já consegui alguns clientes», garante Fernando Miller, sócio-gerente da Renaitex.

João Pereira

Com as portas fechadas até ao próximo ano, o balanço foi, por isso, positivo. «Ter mais de 50 empresas é muito bom. Algumas apareceram à última da hora e já nem puderam entrar. Acreditamos que para o ano haverá mais gente», confessa Maria Alberta Canizes. Mas a GHFW quer reinventar-se e atrair cada vez mais compradores para os têxteis-lar portugueses e os bordados podem ser o próximo trunfo. «A nossa ideia é fazer uma sondagem com os bordados da Madeira», revela João Mendes, presidente da Home From Portugal. Para isso, durante os dois dias esteve patente uma mostra de bordados da Madeira, adquiridos ao Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira. «Os japoneses já se disseram interessados o que, de algum modo, revela um mercado de grande qualidade e de capacidade económica», revela Maria Alberta Canizes ao Jornal Têxtil.