Guatemala ao assalto do mercado americano – Parte 1

A proximidade da Guatemala em relação aos Estados Unidos tem sido apontada como uma das soluções para a sobrevivência da indústria do vestuário da região.

 

No entanto, a sua capacidade para cumprir os exigentes e curtos prazos de entrega deste competitivo e promissor mercado depende de outros factores, além da sua localização.

 

Entre estes, o artigo do Just-style.com destaca a redução do ciclo de tempo no desenvolvimento dos produtos, a diminuição dos prazos de fabrico, a melhoria da cadeia de logística e distribuição, e ainda a integração vertical entre as fiações e confecções.

Que tipos de produtos as marcas e retalhistas continuam a comprar na América Central?

 

Esta foi uma das questões levantadas no Apparel Sourcing Show, que teve lugar na cidade de Guatemala, e que juntou vários analistas e agentes do sector.

 

As respostas avançadas neste evento apontaram maciçamente para as exigências da chamada ‘fast fashion’, que vão condicionar fortemente toda a actividade da indústria, distribuição e venda de vestuário nos próximos anos.

 

Ainda assim, a proximidade geográfica da América Central em relação aos E.U.A. não se afigura como garantia de conquista das ordens de compra, embora a região diste apenas 2-6 dias de barco deste importante mercado consumidor, em comparação com os 10 dias da China.

No mesmo evento, Mike Todaro, director executivo da associação de comércio guatemalteca AAPN, referiu aliás que “a proximidade e a rapidez em satisfazer o mercado não são necessariamente a mesma coisa”.

 

Assim, e na teoria, a velocidade em chegar ao mercado pode ser a maior vantagem que a América Central possui em relação à China e a outros países do Extremo Oriente, mas ela envolve muito mais do que estar apenas perto dos Estados Unidos.

 

Entre os requisitos, destacam-se a necessidade dos fabricantes em entregar, em prazos extremamente curtos, tecidos e artigos inovadores, a preços competitivos, com elevada qualidade e serviço, pois só assim poderão garantir uma verdadeira vantagem competitiva.

 

Aqueles que não o conseguirem estarão condenados a desaparecer…

Neste aspecto em particular, o levantamento das quotas no início do presente ano teve naturalmente um forte impacto sobre a dinâmica das compras de vestuário, com os países de custos mais baixos como a China a chamarem a si a fatia de leão do vasto e apetecível mercado norte-americano.

 

Os dados oficiais do comércio dos Estados Unidos mostram um aumento brutal de 79,4% nas compras de roupa à China, que atingiram os 3,6 mil milhões de euros nos três primeiros meses de 2005, o que veio provar as mudanças que se estão efectivamente a dar neste sector.

Em comparação, as exportações da Guatemala para os E.U.A. – o seu maior mercado, com 94% das vendas desta indústria – cresceram uns meros 10,7% no mesmo período de tempo, para os 505,07 milhões de dólares, face ao anterior período homólogo.

 

Como exemplo, a Liz Claiborne, um dos maiores retalhistas de vestuário do mundo, com vendas de 4,6 mil milhões de dólares em 2004 e um portfólio de 37 marcas, simboliza bem as complexas estratégias de compra que estes grupos têm vindo a desenvolver para assegurar as suas vastas gamas de produtos, a nível global.

 

Estas incluem vender mais de 240 milhões de unidades de vestuário e outros produtos por ano, em praticamente todos os formatos de retalho, incluindo as lojas de alta e média gama, lojas especializadas, cadeias de promoção, sites na Internet, outlets e grandes superfícies comerciais.

De acordo com Tony Ronayne, do departamento de compras da Liz Claiborne, no passado recente, cerca de 40% das decisões de compra eram directamente influenciadas pelas quotas em vigor.

 

Estas “complicavam o comércio e as suas regras forçaram muitas empresas a apostar na produção própria, quando noutras circunstâncias não o teriam feito”, acrescenta.

 

Mas com o fim das quotas, a estratégia de compras da sua empresa foi bastante simplificada, uma vez que estas “agora só colocamos encomendas em locais onde seja compensador e rentável do ponto de vista do nosso negócio”.

 

“Actualmente compramos em 35 países com aproximadamente 25 fornecedores, e temos fabricantes na América (Peru, Colômbia, El Salvador, Honduras, Guatemala, México e República Dominicana), além dos Estados Unidos e Canadá”, conclui.

À semelhança de outros grandes retalhistas, a Liz Claiborne iniciou já o processo de redução do número de fornecedores com quem trabalha, e eventualmente passará a comprar vestuário em apenas 10-15 países, em vez dos actuais 35