O acordo de comércio que impulsionou a principal exportação do Sri Lanka, o vestuÁrio, vai manter-se enquanto a União Europeia termina o processo de investigação em relação à violação dos direitos humanos que pode levar à retirada dos benefícios concedidos. Desde Julho que a União Europeia estÁ a avisar o Sri Lanka que pode não renovar o acordo no final do ano devido aos abusos dos direitos humanos resultantes da guerra civil com o grupo separatista Tigres Tamil. No entanto, o Governo do país não se mostra demasiado preocupado. Vamos aproveitar os benefícios até a investigação estar terminada», revelou S. Ranugge, secretÁrio no Ministério do Desenvolvimento das Exportações e Comércio Internacional à Reuters, acrescentando ainda que o Executivo não vai cooperar com os investigadores que eventualmente a UE possa enviar para o Sri Lanka. Isso foi comunicado à União Europeia pelo governo. O Sri Lanka vai cooperar com as investigações, mas não com os investigadores», afirmou Ranugge. Em Outubro, o Sri Lanka rejeitou o pedido de investigação, afirmando que era uma traição ao país. Em vez disso, preparou medidas compensatórias, revelando que irÁ estabelecer um subsídio até 150 milhões de dólares para apoiar a indústria têxtil – o mesmo valor que o programa da UE oferece – se este for cortado. Uma fonte da UE em Colombo, que preferiu manter o anonimato, afirma que a investigação aos direitos humanos começou em Outubro e deverÁ estar terminada dentro de um ano. Não podemos dizer que vão ser seis meses ou um ano. Até a decisão ser tomada, o Sri Lanka irÁ continuar a beneficiar do programa GSP+», declarou a mesma fonte. Em 2007, o vestuÁrio foi a principal fonte de comércio internacional do país, com 2,5 mil milhões de dólares, seguido pelas exportações de chÁ, com mil milhões de dólares. O acordo estabelecido com a UE no âmbito do Sistema Generalizado de Preferências + (na sigla em inglês, GSP+) ajudou o Sri Lanka a atingir um recorde de 2,9 mil milhões de dólares em exportações para os mercados da União Europeia, no ano passado. Com a economia a sofrer face ao aumento das taxas de juro e com uma das inflações mais altas do sul da Ásia, muitos players da indústria temem que o fim do acordo atinja os lucros e obrigue ao corte de empregos, numa força de trabalho de um milhão de pessoas, a maior parte das quais de Áreas rurais pobres. Ao mesmo tempo, os grupos de direitos humanos continuam a relatar centenas de raptos e assassínios atribuídos às forças governamentais e aos rebeldes dos Tigres Tamil desde que o cessar-fogo terminou em 2006. O Governo admitiu que hÁ abusos e revela que estÁ a trabalhar afincadamente para acabar com isso, mas sem deixar de endividar todos os esforços para conseguir obter o maior sucesso militar do Governo até agora contra os Tigres Tamil, num dos conflitos mais duradouros na Ásia.