Gravata está na moda

Com o regresso das cerimónias, as gravatas voltaram a registar uma forte procura e estão a ser usadas cada vez mais também pelos mais novos, como tem constatado a António Manuel de Sousa, que amanhã regressa à Première Vision Paris.

Ana Lisa Sousa

Os números das exportações portuguesas comprovam, de certa forma, este novo fôlego das gravatas. Os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os envios da categoria gravatas, laços e plastrões, de matérias têxteis têm vindo a aumentar. Em 2022, as exportações deste tipo de produto cresceram 38,9%, para 685,5 mil euros, face a 2021, e nos primeiros quatro meses deste ano, o aumento foi de 69,3%, para 362,2 mil euros, em comparação com igual período do ano passado.

«Sempre defendi que a gravata não estava na moda. Agora defendo o contrário: a gravata começa a estar na moda», afirma Ana Lisa Sousa, sócia-gerente da António Manuel de Sousa, empresa que há 41 anos se dedica à produção de acessórios de pescoço. Para Ana Lisa Sousa, a procura justifica-se não só pelo regresso das cerimónias, após um período de confinamento que levou ao adiamento de eventos e ao teletrabalho, mas também por um redescobrir da gravata pelas novas gerações. «Começo a ver os mais jovens a gostarem de usar fato e gravata, se calhar pelos pais terem deixado de o fazer. As camadas mais novas, de 16 e 18 anos, fazem questão de irem aos bailes e formaturas de fato e gravata. Acho que isso é um indicador, não só em Portugal, mas noutros sítios também», aponta.

Uma tendência que tem contribuído para o negócio da empresa. «O início do ano correu bem. Começou muito calmo, mas a partir de finais de março e abril tivemos uma procura grande. Neste momento estamos com encomendas maiores do que o habitual e juntaram-se mais algumas. Portanto, para já estamos com a produção tomada», refere a sócia-gerente da António Manuel de Sousa.

A caminho da Première Vision Paris

Com Espanha como principal mercado, a que se somam os Países Baixos, França e Reino Unido, a António Manuel de Sousa continua a apostar em feiras profissionais, estando a preparar a presença na Première Vision Paris, que começa amanhã, depois de ter estado em junho na Pitti Uomo com a marca própria Vandoma.

Vandoma na Pitti Uomo [©Vandoma]
«As expectativas cumpriram-se. Acho que a Pitti Uomo voltou a ter mais expositores – o relatório que eu vi tinha à volta de 840 marcas a expor – e acho que voltaram muitos dos compradores. Foi interessante ver os asiáticos, que não vinham desde o covid, voltarem em força nesta edição. Acho que tivemos uma Pitti Uomo se calhar não exatamente igual a antes do covid, mas estamos a caminhar, de uma forma rápida, para isso», revela Ana Lisa Sousa, que assume ter recebido «menos notas de encomenda em relação à edição anterior, mas mais contactos e mais pessoas interessadas».

Para isso, a empresa tem procurado mostrar coleções diferentes e, depois de, em edições anteriores, ter já apresentado gravatas feitas com amostras de tecidos, para esta coleção o foco esteve em alternativas ao tradicional. «Fomos buscar tecidos vintage e linhos, para apresentar um produto diferente. Tentamos privilegiar coleções de gravatas que os nossos concorrentes não apresentam», justifica a sócia-gerente da António Manuel de Sousa.

Depois de um ano de 2022 «bom» em termos de vendas, cujos resultados foram, contudo, minados pelo aumento dos custos, as expectativas para 2023 são positivas. «Os resultados até agora estão melhores do que no ano passado», revela Ana Lisa Sousa. «Se conseguirmos manter os clientes e as vendas da forma como estão acredito que, apesar de haver meses em que vai haver um abrandamento, teremos um bom ano», conclui.