Goldmud de ouro e lama

A marca portuguesa de calçado garante ter alma, raízes e ADN. Calça dicotomias várias – sofisticado/natural, tradicional/vanguardista, conformismo/inconformismo, sério/irreverente, e o nome e o logotipo calcorreiam, também, realidades distintas, o ouro e a lama, a cruz e o trevo. A Goldmud não se decide por um caminho em quase tudo, menos na hora de escolher o destino: a qualidade do “made in Portugal”. Assim garante o CEO Miguel Abreu, rosto da quarta geração de uma família dedicada à indústria.

Em 2007, o grupo Abreu e Abreu, sediado em Felgueiras, decidiu dar o próximo passo num percurso devoto à produção de calçado para grandes marcas mundiais, e «aliar a experiência e conhecimento do mercado», à formação em marketing de Miguel Abreu para «dar um novo impulso ao negócio». E assim pisava o mundo a Goldmud: com o ADN da família, a raiz do “made in Portugal” e a alma de uma região que se dedica a calçar o mercado, interno e externo, há longos anos.

«É um “savoir faire” aliado a tecnologias de ponta e design de conforto com forte aposta imediata no mercado europeu. Daqui resulta a constante presença nas mais importantes feiras e a representação em diversos mercados europeus através de profissionais locais», resume o CEO.

Com um efetivo de sete elementos internos e «outros tantos elementos externos» a Goldmud convive em harmonia com todas as dualidades que vão da sola ao nome da marca. «“Life is what you choose” é a nossa filosofia. O mundo, a viagem, as ruas, as pessoas, as diferentes culturas e expressões criativas são a nossa fonte de inspiração. Escolhemos dentro de um perfil, de uma atitude, de uma tribo, o mood do momento», revela Miguel Abreu à fashionup.pt.

Nos últimos anos, a Goldmud tem caminhado, lado a lado, com a moda nacional, com particular destaque para a profícua relação com a designer Alexandra Moura (ver Um sapato para cada pé), que tem atravessado estações e passerelles – desfilando na ModaLisboa e no Portugal Fashion.

«O “made in Portugal” está associado à qualidade, ao design, à inovação e à tradição. E cada vez mais as novas gerações procuram produtos que agreguem tudo isto. Este interesse surge aliado a uma valorização há muito reclamada», sublinha o CEO da Goldmud sobre aquilo que considera ser o renovado interesse no produto nacional.

A marca tem atualmente à venda – online (ver Um passo no comércio online) e em espaços multimarca dentro e fora de portas – a coleção primavera-verão 2016 e garante que a linha Kolpino para homem e mulher, uma «construção especial que foi patenteada pela Goldmud», é o seu bestseller junto de um público alvo – com idades compreendidas entre os 25 e os 45 anos –, cujo o leque de preços começa nos 125 euros.

Os pés Goldmud estão em solo nacional e na Alemanha, França e Bélgica, os principais destinos de exportação da marca, sendo que, neste momento, «a Alemanha é o mercado com mais peso nas vendas», garante Miguel Abreu, que adianta querer levar a mistura de “ouro e lama” para mercados como Itália, Escandinávia e Ásia. «A Europa Central está constantemente a ser bombardeada por este sector, está a ficar saturada. Sentimos assim necessidade de alargar horizontes e explorar outros mercados e clientes», explica.

No calendário da Goldmud, o ano de 2015 foi «positivo, tendo em conta a conjuntura económica». «De facto, não registamos um crescimento, mas conseguimos manter o volume de vendas positivo. Até agora, 2016 segue o mesmo rumo», afirma Miguel Abreu.

Para a próxima estação fria está já previsto um rebranding, tal como o reforço da presença da Goldmud nas redes sociais, no portal de comércio eletrónico da marca e um investimento em marketing digital. «Com base no pressuposto de que devemos acompanhar as exigências do mercado, estamos a desenvolver um processo de restruturação. Acreditamos que chegou o momento de mudar e que essa mudança não se deve fazer apenas ao nível do produto, mas também da própria identidade e, como tal, da comunicação», antevê o CEO à fashionup.pt.