Michael Hillmose foi eleito na assembleia-geral da Ginetex que decorreu no passado dia 19 de outubro, no Porto, na sede da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção. Ao Portugal Têxtil, Hillmose, que é também diretor da divisão internacional da associação dinamarquesa do sector, a Dansk Mode & Textil, assumiu como meta fazer com que a Ginetex tenha «uma voz mais forte no debate da sustentabilidade», ao mesmo tempo que pretende continuar o trabalho que tem vindo a ser feito e «angariar mais membros e ter mais utilizadores mundiais».
A questão da sustentabilidade tem sido trabalhada pela Ginetex nos últimos 10 anos, afirmou Adam Mansell, presidente cessante da Ginetex. Prova disso é o programa Clevercare, onde os consumidores podem ficar a conhecer como tratar dos seus têxteis ao mesmo tempo que reduzem a sua pegada ambiental. Um programa que tem sido bem acolhido pela indústria. «Todas as grandes marcas estão muito interessadas em saber como podem ter impacto no ambiente. E o nosso sistema Clevercare é uma das formas que ajuda as grandes marcas a dizerem “sigam isto e vocês, enquanto consumidores, podem fazer a diferença”», explicou Mansell ao Portugal Têxtil.
Atualmente, este programa de informação vocacionado para a sustentabilidade conta já com numerosos embaixadores, incluindo a H&M, a Galeries Lafayette, a Asos, a G-Star Raw e a Rossignol.
H&M e Uniqlo na Ginetex
A associação, de resto, tem vindo a ser procurada pelas grandes marcas e empresas internacionais que, segundo Adam Mansell, entendem cada vez mais o valor de pertencerem a uma associação como esta. «Nos últimos cinco ou seis anos, a Ginetex desenvolveu-se muito em termos dos benefícios de ser um membro, benefícios que damos aos nossos parceiros mundiais, por isso estou absolutamente satisfeito por estarmos numa posição de crescimento no número de países-membros, no número de embaixadores e de utilizadores mundiais», revelou.
«É um sistema usado mundialmente, é bom para as grandes empresas mas é definitivamente bom para as pequenas empresas, porque não têm de ajustar a etiqueta para cada mercado – a maior parte das empresas consegue perceber isso», acrescentou Michael Hillmose.
Além disso, destacou Mansell, «um dos benefícios da Ginetex é que tem muitas organizações à volta da mesa, as associações nacionais da indústria têxtil e da moda, como a ANIVEC. Por isso, não só estamos a cuidar dos símbolos de conservação, mas também estamos a cuidar das necessidades da indústria».
A Ginetex conta atualmente com 22 países-membros, incluindo Portugal, representado pela ANIVEC, Espanha e, no continente asiático, o Japão.
N última década, a associação tem estado a trabalhar para sensibilizar os grandes players da indústria para os benefícios da Ginetex e da sua simbologia de conservação de têxteis – que está protegida por marca registada – numa estratégia que preteriu o confronto legal do passado. «Tentamos evitar as disputas nos tribunais sempre que possível, porque não é benéfico para nenhuma das partes. O que temos feito é promover a Ginetex e promover os símbolos. Desenvolvemos o nosso programa de parcerias, o que significa que agora temos grandes marcas internacionais, como a Uniqlo e a H&M, que fazem parte da Ginetex, quer diretamente, como utilizadores globais, quer como membros das diferentes organizações nacionais», admitiu o presidente cessante. «Tentamos trabalhar em particular com as grandes marcas mundiais, porque são elas as grandes organizações que podem fazer a diferença. Além disso, em vez do confronto legal, gastamos muito tempo a desenvolver os nossos serviços, a nossa base de conhecimento. Tivemos situações nos últimos 12 meses em que grandes marcas mundiais vieram ter com a Ginetex porque querem estar envolvidas, querem tornar-se membros, pois reconhecem os benefícios que lhes damos», reconheceu Adam Mansell.
Símbolos sem complicação
Apesar da evolução técnica constante na indústria têxtil e vestuário, os símbolos da Ginetex mantêm-se iguais. «Corremos o risco, se desenvolvermos novos símbolos de conservação para todos os têxteis diferentes, para todas as fibras, para todos os processos, de ter uma etiqueta de conservação de têxteis maior do que a peça de vestuário. Estamos a tentar assegurar-nos que a informação que damos ao consumidor é precisa e correta, ao mesmo tempo que nos asseguramos que, no background, as partes técnicas por detrás disso refletem o que se está a passar na indústria», garantiu o presidente cessante da Ginetex.
Durante as reuniões que tiveram lugar no Porto dos diferentes comités, esta questão, foi inclusivamente abordada novamente. «Discutimos os desenvolvimentos em têxteis inteligentes, em têxteis técnicos, e como isso pode afetar, ou não, os símbolos de conservação de têxteis», adiantou.
Em cima da mesa esteve ainda a abordagem às possíveis mudanças que estão a ser debatidas relativamente a três normas ISO, organismo onde a Ginetex está representada, e ainda a proteção da marca registada em países como a Turquia e a Arábia Saudita. «A Turquia, em particular, é um país produtor muito importante para a maior parte da Europa. Já a Arábia Saudita é um mercado de exportação em crescimento para muitas das nossas empresas. Estamos sempre à procura de onde devemos desenvolver e fazer crescer a nossa marca registada», concluiu Adam Mansell.