Gierlings Velpor assenta negócios

O que têm em comum os metropolitanos de Lisboa e Seul? A chave para este enigma está guardada dentro das quatro paredes da produtora de veludos do grupo Amorim, a Gierlings Velpor.

 

À primeira vista tudo parece separar os metropolitanos de Lisboa e Seul. A mais de 10 mil quilómetros de distância, o metro da capital sul-coreana tem 287 km com 10 linhas e 266 estações, enquanto o lisboeta percorre pouco mais de 43 km por 4 linhas com 55 estações. Mas há uma semelhança que não escapa aos sentidos, nomeadamente da visão e do toque, e não é pura coincidência: o veludo jacquard que reveste os bancos e leva a assinatura da Gierlings Velpor, A empresa do grupo Amorim começou a explorar esta nova área de negócio em 2009, na sequência dos investimentos em novas tecnologias, como a tecelagem jacquard.

«Temos atualmente uma parceria com uma empresa estrangeira para o sector dos transportes, mas também trabalhamos diretamente com alguns mercados, como por exemplo a Coreia do Sul, para o metro e comboio de alta velocidade», revelou o CEO da Gierlings Velpor, Constantino Silva, ao Jornal Têxtil (edição abril 2016). ««Trata-se de um sector com um nível muito rígido de certificações, tanto na tecelagem como nos acabamentos, nomeadamente antifogo, resistência à abrasão, sem combustão dos tecidos, etc. – todo um nível de tecnicidade que valoriza o produto que fazemos dentro de portas», explicou.

O primeiro negócio nesta área foi num autocarro da Transdev em Portugal corria o ano de 2010, uma empresa para a qual a Gierlings Velpor acabou agora de remodelar 100. «Nos bancos dos autocarros estamos já a trabalhar com os mercados português, espanhol e francês», adiantou o CEO. Em território nacional, a produtora de veludos e pelos está também a colaborar com a CP, para além do metro de Lisboa.

Ainda na área dos têxteis técnicos, a empresa investiu igualmente em soluções de novos acabamentos «para o corte e enrolamento de tiras para rolos de pintura», referiu ainda Constantino Silva.

Outrora excessivamente dependente dos humores do mercado da moda, a Gierlings Velpor encontrou, por outro lado, uma vantagem competitiva na estamparia digital, outra tecnologia que ofereceu novas valências à empresa. «O negócio do vestuário, como o mercado está a atuar, mostra-se cada vez mais difícil. E isto é terrível na medida em que representa uma dependência total dos grandes grupos que esmagam o preço. É o turco ou o asiático que serve para definir o preço. Por isso, como não há grandes possibilidades de crescer, o objetivo é dar sustentabilidade ao negócio», reconheceu o CEO. «Este era o problema para o qual foi preciso encontrar soluções, tais como desenvolver novos produtos. Entrar nas grandes casas a vender veludos e pelos estampados digitais ajuda a vender os veludos e pelos tradicionais», esclareceu.

Estes novos negócios, na moda e nos têxteis técnicos, permitiram à Gierlings Velpor continuar na rota do crescimento. «Globalmente, crescemos 6% em 2015, para 8 milhões de euros», indicou Constantino Silva. Os desafios futuros são, por consequência, «sustentar os volumes e margens na área do vestuário, entrar em novos segmentos na área da decoração, por exemplo na cadeia de distribuição do produto e à escala global, e penetrar cada vez mais no mercado dos têxteis técnicos. Temos condições industriais para fazer tudo isto», concluiu.