A exposição, no Brooklyn Museum, reúne sob um único teto objetos tão diversos como o urso de peluche da infância do designer francês, uma fotografia da sua avó e os soutiens cónicos que desenhou para Madonna. Cheio de um entusiasmo contagiante pela vida, pela moda e pela magia única de Nova Iorque, Gaultier afirma sentir-se muito satisfeito e honrado com esta retrospetiva. No entanto, simplesmente colocar as suas roupas num museu era demasiado «parado» para o criador, cuja exposição inclui manequins que andam e falam, incluindo um que é uma reprodução à sua imagem. É este manequim em tamanho real, com a sua voz, imitando as suas expressões faciais e vestindo as mesmas riscas de marinheiro que o tornaram icónico, que faz a introdução à visita. «Adoro teatro, adoro espetáculos Queria manter a exposição viva», explica Gaultier. «É uma nova aventura. Olhei novamente para as roupas que fiz e tentei fazer algo diferente, apresentá-las de uma outra forma», refere. The Fashion World of Jean Paul Gaultier: From the Sidewalk to the Catwalk (ou O Mundo da Moda de Jean Paul Gaultier: do Passeio à Passerelle, em português), o nome da exposição, apresenta 130 dos seus coordenados mais icónicos de alta-costura e pronto-a-vestir nos últimos 40 anos. Para além de fotografias, esquissos e os seus perfumes, há uma fotografia da sua avó, uma das suas primeiras musas, e o seu urso de peluche Nana, com o qual fez os seus primeiros seios cónicos, a partir de papel de jornal. Depois há as roupas. Os destaques incluem corpetes e soutiens usados por Madonna nas suas tournées mundiais em 1990 e 2010. Um incrível vestido de noiva em forma de sereia feito de um fato completo de latex com escamas douradas, soutien com conchas cónicas, saia com lantejoulas e uma pequena cauda de sereia em latex é outro dos pontos altos da exposição. O mesmo acontece com o vestido usado pela atriz americana Sarah Jessica Parker nos MTV Movie Awards em Nova Iorque, no ano 2000. A exposição, que estará em Nova Iorque até 23 fevereiro, já foi vista por um milhão de pessoas em Dallas, San Francisco, Madrid, Roterdão e Estocolmo. Gaultier assume sentir-se lisonjeado por ter a exposição em Brooklyn, a parte de Nova Iorque cada vez mais na moda, que no passado era olhada de lado pelos habitantes de Manhattan. «Brooklyn é uma parte muito hip de Nova Iorque e sinto-me muito honrado, na minha idade», brinca. O criador afirma que adora «a diversidade, a energia e a adrenalina, a forma de vida à americana. É a abertura das pessoas, claro, pessoas de raças diferentes que se juntam, tanta energia». Gaultier ainda lembra as montras de Nova Iorque «mais bonitas que as de Paris» que o impressionaram nos anos 70, quando começou a sua carreira. Quando a exposição abriu em Montreal em junho de 2011, resistiu inicialmente mas desde então mudou completamente a sua opinião. «Aprendi muitas coisas. Os museus podem ser uma inspiração», revela. A exposição está dividida em sete temas que acompanham o desenvolvimento da carreira de Gaultier, inspirado pelo movimento punk na Grã-Bretanha e a Belle Epoque em França. Começa com Odissey e artigos da sua primeira coleção em 1971, antes de chegar ao The Boudoir, com Nana, o urso de peluche e os soutiens emprestados de Madonna. Há uma secção para as suas musas e uma área Punk Cancan que alberga um fato de corpo completo que cobre o rosto, conjugado com um chapéu. Mais à frente está Skin Deep, que junta as suas criações que parecem uma segunda pele. Metropolis expõe as suas colaborações em palco e nos ecrãs e Urban Jungle contém criações multiétnicas. A exposição, montada pela diretora de Museu de Belas Artes de Montreal, Natalie Bondil, e com a curadoria de Thierry Maxime Loriot, deixará Nova Iorque em direção a Londres, onde estará aberta ao público no Barbican de 9 de abril a 17 de agosto.