Foram anteontem apresentados os resultados do diagnóstico prospectivo da iniciativa Norte 2015, promovida pela CCDR-N – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, e concluíram que esta região deve ter como principal objectivo a intensificação tecnológica da sua base produtiva. O trabalho visa preparar a contribuição regional para o futuro QREN- Quadro de Referência Estratégica Nacional, no âmbito do próximo pacote de fundos comunitários, e o objectivo deste primeiro relatório é atingir um estado de desenvolvimento que os especialistas denominam de «Norte em Rede», contrapondo-o ao actual «Norte cerrado». Pretende-se uma trajectória de convergência a nível europeu, através de um nível adequado de produção de bens e serviços transaccionáveis, não descurando acréscimos de rendimento e emprego para a população, com promoção da coesão económica, social e territorial. Mas para Carlos Lage, o presidente da CCRD-N, o enorme problema é que o crescimento económico da região Norte tem sido zero ou menos que zero nos últimos cinco anos, não obstante a região ter recebido uma boa fatia das verbas comunitárias. Acrescentou que a grande dimensão das ilusões de há uns anos atrás é directamente proporcional às desilusões de agora, referindo ainda que há naturalmente que considerar os efeitos conjunturais da quebra da economia nacional, mas esta região terá agudizado este problema ao atrasar-se na reestruturação do seu aparelho produtivo. Segundo o estudo, a recuperação do Norte passa por abandonar o modelo de aposta em mão-de-obra barata, as políticas que não têm em conta as especificidades regionais e a lógica de «minifúndio institucional», sem escala de intervenção. E a alternativa não pode ser o modelo do Norte Assistido, em que a região se limitaria a esperar passivamente pelas transferências comunitárias ou pela solidariedade da Região de Lisboa e Vale do Tejo. A solução está na «visão tecnológica» de um Norte «tecnometropolitano», capaz de reestruturar os seus sectores tradicionais têxteis, calçado e mobiliário , e na aposta noutros perfis de especialização como no sector da saúde, biotecnologia, máquinas eléctricas, tecnologias de informação, comunicação e electrónica, domínios nos quais a região já dispõe de recursos humanos qualificados. O esforço deve começar por emergir de empresas lideres, pólos universitários e tecnológicos a partir do Grande Porto, e numa fase posterior pode haver condições para que os tecnopólos se espalhem como «mancha de óleo», favorecendo um sistema urbano «policêntrico».