Nos primeiros 10 meses do ano, as exportações portuguesas de têxteis e vestuário mantiveram-se no vermelho, com uma queda de 0,66%, para 4,48 mil milhões de euros, face a igual período do ano passado. Apesar de negativo, este valor representa uma recuperação face à queda de 0,9% sentida entre janeiro e setembro. No mês de outubro, de resto, as exportações subiram 1,6% face ao mesmo mês de 2018, equivalente a mais 7,9 milhões de euros, para 494,3 milhões de euros.
Espanha, o principal mercado das exportações portuguesas, continua em queda, com os números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período entre janeiro e outubro a revelarem uma descida de 4,5%, para 1,38 mil milhões de euros, equivalente a uma perda de 65 milhões de euros em comparação com 2018.
Três mercados positivos
Os números negativos permeiam o top 10 dos principais mercados dos têxteis e vestuário portugueses, com a exceção de França, EUA e Países Baixos.
Os gauleses, os segundos maiores consumidores externos da produção “made in Portugal”, compraram mais 2,7% do que no período homólogo do ano passado, num total de 566,6 milhões de euros. O vestuário e seus acessórios, exceto de malha, foi a categoria que mais cresceu em termos absolutos (mais 9,4 milhões de euros, equivalente a uma subida de 9,4%, para 109,9 milhões de euros), seguida da categoria outros artefactos têxteis confecionados, onde se incluem a maior parte dos têxteis-lar (mais 2,8 milhões de euros, que representa um incremento de 3,1%, para 90,7 milhões de euros), e da categoria tecidos de malha (mais 2,2 milhões de euros, ou +13,3%, para 18,7 milhões de euros).
Já no caso dos EUA, o principal mercado extracomunitário e o quinto no total, as exportações cresceram 7,7%, o que representa mais 20,2 milhões de euros, para um valor de 282,3 milhões de euros. As categorias responsáveis por este aumento foram, em termos absolutos, outros artefactos têxteis confecionados, que adicionaram 7,1 milhões de euros aos envios, para 102 milhões de euros – esta é, de resto, a categoria mais representativa nas exportações nacionais de têxteis e vestuário para este mercado. No período entre janeiro e outubro de 2019, os envios de vestuário e seus acessórios de malha também aumentaram 5 milhões de euros (+9,7%, para 57,3 milhões de euros), o mesmo acontecendo com as exportações de tecidos de malha (+48%, equivalente a 3,3 milhões de euros, para 10,2 milhões de euros), de tecidos impregnados (+24,5%, representando mais 2,4 milhões de euros, para 12,3 milhões de euros), e vestuário e seus acessórios, exceto de malha (+5,1%, equivalente a 2,1 milhões de euros, para 43,6 milhões de euros).
Os envios para os Países Baixos, por seu lado, aumentaram 4,9%, equivalente a mais 9 milhões de euros, para 194,9 milhões de euros. Vestuário e seus acessórios de malha (mais 4,6 milhões de euros, que representa um crescimento de 4,1%), vestuário e seus acessórios exceto de malha (+12,2%, equivalente a 3 milhões de euros) e outros artefactos têxteis confecionados (+24,7%, representando mais 2,9 milhões de euros) foram as categorias que mais se destacaram.
Vestuário com duas faces
Em termos de categorias, o vestuário e seus acessórios, exceto de malha, registou o maior aumento absoluto neste período de 10 meses, somando mais 26,2 milhões de euros, para um total de 841,5 milhões de euros. Este aumento não foi suficiente para compensar a queda de 40,8 milhões de euros (-2,2%) nas vendas ao exterior de vestuário e seus acessórios de malha. Esta categoria, contudo, continua a ser a mais representativa nas exportações de matérias têxteis e suas obras, com um valor neste período de 1,82 mil milhões de euros.
As duas categorias do vestuário, juntas, representaram entre janeiro e outubro 2,67 mil milhões de euros de exportações, enquanto nas importações esse valor assumiu 1,9 mil milhões de euros (+5,9%).
Marrocos (+48,2%, para cerca de 40 milhões de euros), Paquistão (+39,8%, para 13,3 milhões de euros), China (+25,4%, para 131,7 milhões de euros) e Bangladesh (+23,2%, para 62,9 milhões de euros) foram os países que mais se destacaram nas importações de vestuário, embora Espanha, com uma quota de 50,9% e um crescimento de 4,4%, para 968,6 milhões de euros, se mantenha como principal fornecedor de vestuário, seguido de Itália (+7,4%, para 185,3 milhões de euros), França (-4,1%, para 158,1 milhões de euros) e China.
As notas positivas na análise das exportações por tipo de produto alargam-se ainda à categoria pastas (ouates), feltros e falsos tecidos fios especiais, cordéis, cordas e cabos, artigos de cordoaria, que somou mais 19,5 milhões de euros (+9,4%, para 226,4 milhões de euros), às fibras sintéticas ou artificiais descontínuas, com mais 3,96 milhões de euros (+1,7%, para 237,2 milhões de euros), tecidos especiais, tecidos tufados, rendas e tapeçarias, com um incremento de 2,1 milhões de euros (+2,3%, para 96,3 milhões de euros) e aos tecidos em malha, que adicionaram mais cerca de 2,1 milhões de euros (+1,8%, para 115,6 milhões de euros).