Forte declínio nas exportações de vestuário do Bangladesh

Já confrontado com um decréscimo na sua quota do mercado mundial de vestuário, o Bangladesh receia uma descida acentuada nas encomendas após a eliminação das quotas comerciais, daqui a 20 meses. Dhaka, capital do Bangladesh, procura um tratamento preferencial adicional, de forma a beneficiar do acesso sem taxas aos mercados norte-americano e europeu. As importações do Bangladesh subiram apenas 1,65% no primeiro trimestre de 2003, contrastando com outros países asiáticos que apresentaram subidas de cerca de 20% em relação a 2002. Em termos monetários, o preço médio unitário das importações para os EUA registaram uma subida de 2,80% relativamente a igual período de 2002. Segundo fontes do Emerging Textiles, com o aumento dos preços, o Bangladesh não irá conseguir competir com a Índia ou a China nos próximos anos. Em 2002, o Bangladesh foi o quarto maior exportador, em termos de volume, para o mercado norte-americano, atrás do México, China e Honduras. Em Março deste ano ficou posicionado em quinto lugar após as suas exportações para os EUA caírem 1,72%. Sendo um dos países mais pobres do mundo, o Bangladesh já obteve o acesso livre de taxas ao mercado europeu e canadiano, e irá conseguir benefícios semelhantes da Austrália a partir de 1 de Julho. Devido a restrições no regulamento da origem, o Bangladesh ainda está longe de beneficiar por completo do tratamento preferencial da UE sob o GSP (Sistema Generalizado de Preferências). Bruxelas impõe ao Bangladesh que a produção interna seja responsável por 25% do valor acrescentado, de forma a ser admitido no GSP. Apesar de Bruxelas ter aceite considerar produtos com origem noutros países pertencentes ao SAARC (South Asian Association for Regional Cooperation), como provenientes do Bangladesh, o país ainda não beneficiou desta “acumulação regional”. O Ministro do Comércio do Bangladesh, aquando da sua presença em Bruxelas numa conferência têxtil, pediu à UE que o seu país pudesse beneficiar de uma “acumulação global”, ou seja, qualquer tecido proveniente de qualquer região do mundo seria considerado como proveniente do Bangladesh. Esta hipótese iria ajudar significativamente os exportadores de vestuário no Bangladesh, mas iria simultaneamente enfraquecer os produtores têxteis, de acordo com a opinião da indústria têxtil interna. Um grupo de países em vias de desenvolvimento irá reunir-se em Dhaka no final do mês de Maio, para discutir estas propostas, na esperança de que o pedido seja aceite na conferência ministerial da OMC, a realizar no Outono em Cancun, como parte da ronda internacional de negociações de comércio. Pascal Lamy, responsável na UE pelo comércio, já sugeriu que os países importadores devem fazer uma proposta de forma a ajudar os países em vias de desenvolvimento a manter a sua fracção do mercado mundial, após a eliminação das quotas em 2005.