Fitecom revela novos trunfos

O aumento do preço da lã não trava o ímpeto de crescimento da Fitecom, que está a compensar esta subida com um reforço da criatividade nas suas coleções e a aposta constante na inovação.

Tecidos de linho com algodão, modal e combinações diversas com lã, a matéria-prima de eleição, e microdesenhos em tons pálidos para um ambiente fresco destacam-se nas propostas da Fitecom para a primavera-verão 2019.

Com 600 clientes ativos em três continentes – Europa, o principal mercado, América e Ásia – a produtora de lanifícios, que tem uma capacidade anual instalada de 600 toneladas na fiação de cardados e de três milhões de metros na tecelagem e acabamentos, desenvolve coleções capazes de agradar a “gregos e troianos”. «Abarcamos vários mercados, do mais clássico à moda. Diria que, na panóplia de tecidos que temos, não há nada que não seja apetecível para um ou outro mercado. Há uma diversidade grande», sublinha o CEO João Carvalho, que destaca a apetência do mercado por artigos com linho. «Isto já se vem sentindo nas últimas três coleções e nessa área temos vindo a crescer substancialmente todos os anos», acrescenta.

Outra aposta tem sido inovações como tecidos em lã que podem ser lavados na máquina, propostas com tratamentos antiodor e antimicrobiano e ainda, mais recentemente, tecidos 100% lã e lã/poliéster com membranas impermeáveis, apresentados na coleção outono-inverno 2018/2019. «Estou esperançado que esse seja o artigo que vai ter alguma expressão pela diferença, porque todos conhecemos o conforto que a lã nos traz. Aliando o conforto que ela já tem à impermeabilização, estamos a dar-lhe uma dinâmica que ela nunca teve», acredita João Carvalho.

A paixão pela inovação do CEO reflete-se ainda na capacidade tecnológica da empresa, que até 2020 deverá ser reforçada. «Sou apaixonado por inovação tecnológica e, como tal, gosto sempre daquilo que não tenho. Neste momento ainda não está decidido o que se vai fazer, mas serão feitos investimentos para permitir mexer no toque e no cair dos tecidos. É possível também que cresçamos em área – mais dois ou três mil metros quadrados – nos próximos dois a três anos», anuncia.

É com esta oferta cada vez mais diversificada e diferenciada que a Fitecom quer vingar. «Estão sempre a aparecer equipamentos novos com potencialidades novas e, de facto, a diferença faz-se sentir no mercado. Sempre nos pautamos pela diferenciação do produto – o nosso argumento de venda nunca foi o preço, mas sim a diferenciação», afirma o CEO.

Para 2018, o objetivo é superar os resultados obtidos no ano passado – superiores a 12 milhões de euros –, afetados pelo aumento do preço da lã, tanto da nacional (cerca de 50% da lã usada nos cardados é lã merino alentejana) como da internacional, proveniente da Austrália, África do Sul, Inglaterra e Argentina. «Nas últimas semanas, o preço da lã tem estado a descer, mas durante dois meses subiu brutalmente. Quanto há aumentos, e quando eles se tornam mais ou menos estáveis, aumentamos os preços e isso não é transversal a todos os meus concorrentes, de modo que, quando isso acontece, perco sempre algumas encomendas», admite.

Mas o CEO antevê oportunidades para os próximos 12 meses e acredita que, a prazo, a evolução dos mercados, apesar da concorrência «em alguns casos desleal», nomeadamente da Ásia, será favorável a empresas como a Fitecom. «Sou um pouco apologista da teoria de Darwin em que efetivamente o sucesso não está no mais inteligente ou no mais trabalhador. Está naquele que mais facilmente é capaz de se adaptar em cada momento. E, de facto, é isso que tentamos fazer: ser resilientes e adaptarmo-nos a cada momento», resume o CEO.