Finzurich salva Charles Jourdan

O tribunal de comércio de Romans-sur-Isère (Drôme) confiou o destinos da Charles Jourdan, com cerca de 130 trabalhadores, ao fundo de investimento Finzurich, registado na Costa Rica mas operando a partir de Madrid, que prevê investir 15 milhões de euros na recuperação da empresa de calçado de luxo. Para a localidade francesa de Romans-sur-Isère, capital do sapato de luxo, traumatizada pelos sucessivas desventuras da Stéphane Kélian, falida em Agosto de 2005, e da Charles Jourdan, que conheceu três administrações judiciais em cinco anos, tendo a última se saldado pela liquidação da empresa e despedimento dos seus 197 trabalhadores (ver A queda de um gigante), este epílogo é bastante animador. Trata-se de um momento extraordinÁrio. é fantÁstico saber que a empresa vai reviver», exclamou o delegado da CFE-CGC Gilles Apoix. Temos um projecto que possui o capital necessÁrio para reconquistar a quota de mercado, com o pessoal suficiente. 130 trabalhadores vão recuperar a paz de espírito». Para ganhar a “causa”, a Finzurich comprometeu-se a colocar 5 milhões de euros no capital da empresa, 5 milhões na conta corrente e 5 milhões na linha de crédito bancÁria, tal como revelou René Renda, que serÁ possivelmente o novo director da empresa. Antigo director de operações da Charles Jourdan, Renda afirmou esperar uma retoma da produção dentro de seis semanas. O objectivo serÁ num primeiro tempo, de 40.000 pares de sapatos por ano, com um objectivo fixado em 150.000 pares anuais dentro de três anos», explicou. Bénédicte Jourdan congratulou-se igualmente com o desfecho, assegurando que a Charles Jourdan renasceu». A neta do fundador tinha jÁ defendido o projecto da Finzurich mesmo antes da decisão do tribunal, afirmando que se tratava de um verdadeiro projecto industrial e comercial» e o único dossier que garante uma continuidade com o passado, que utiliza as competências e o mÁximo de assalariados» entre os quatro candidatos à retoma da empresa francesa. Por seu lado, o secretÁrio de Estado das Empresas e do Comércio Exterior do executivo francês, Hervé Novelli, afiançou que o grupo Finzurich tem uma boa solidez financeira», acrescentando que a decisão do tribunal foi muito positiva e animadora para os trabalhadores». No entanto, algumas vozes, escaldadas pelo “episódio” Finalux, anterior proprietÁrio da Charles Jourdan, elevaram-se para assinalar a origem incerta dos capitais. Esperamos não voltar, pela enésima vez na história da Charles Jourdan, à estaca zero dentro de alguns meses», declarou Gérard Clément, sindicalista da FO, que apresentou uma oferta concorrente conjuntamente com antigos assalariados da Charles Jourdan.