Filasa com os olhos em 2020

A concorrência da Turquia afetou o negócio nos últimos 12 meses, mas a produtora de fios deverá terminar o ano em linha com 2018. Em curso está já uma nova estratégia para garantir o crescimento no próximo ano, que inclui a expansão internacional e o foco em produtos diferenciados.

Fátima Antunes

2019 chega ao fim sem deixar saudades para a Filasa. «Vamos fechar o ano com alguma preocupação», confessa a administradora Fátima Antunes. «Sentimos que não teve crescimento, a concorrência foi muito aguerrida e os negócios foram muito calmos», revela ao Portugal Têxtil.

Antecipando a manutenção dos valores de 2018, com uma previsão de que a faturação consolidada do grupo Lasa se situe entre os 65 e os 70 milhões de euros, Fátima Antunes admite que «a concorrência com a Turquia tem sido bastante grande».

Os olhos estão, por isso, já direcionados para o próximo ano, onde a Filasa pretende retomar o caminho do crescimento. «Estamos a mudar um bocado a estratégia, aumentando às exportações e também criando cada vez mais produtos diferenciados. Penso que por aí podemos combater de alguma forma [a conjuntura]», explica a administradora.

Atualmente, a quota de exportação da produtora de fios, que começou a explorar os mercados externos há apenas três anos, situa-se nos 20%, com Itália e Espanha na linha da frente. «Uma vez que somos novos [na exportação], temos tido um crescimento sustentado nessa matéria. Mas o nosso objetivo é, francamente, muito superior àquilo que estamos a alcançar neste momento. Estamos a trabalhar para isso», garante.

Sustentabilidade marca pontos

O trabalho está igualmente a ser feito ao nível do produto, com enfoque na sustentabilidade – a Filasa tem certificação GOTS e foi a primeira empresa portuguesa a aderir à Better Cotton Initiative. A mais recente coleção, apesentada em setembro último na Première Vision Paris, inclui fios orgânicos, algodão e poliéster reciclados e fibras biodegradáveis. «O grande destaque que demos é que temos um produto 100% natural, não só na matéria-prima mas também ao nível do acabamento, com tingimento com corantes naturais», afirma a administradora da especialista em fiação, cuja oferta abrange fios para malhas e tecidos, assim como serviços de tinturaria e acabamentos. «Temos sempre o cuidado de, internamente, trabalhar na redução do consumo de água e energia. São transformações que a empresa está a fazer aos poucos, para reduzir o impacto no meio ambiente», aponta.

Parte desta redução é alcançada pela aquisição de novas tecnologias. «Estamos sempre a investir, tanto na fiação como na tinturaria, que está dentro da Filasa», reconhece Fátima Antunes. A empresa emprega atualmente cerca de 230 pessoas, «só na Filasa», indica a administradora, acrescentando que «tivemos um crescimento muito grande na tinturaria, temos agora 30 máquinas», adianta.

Já a produção de fio ronda as 600 toneladas por mês e há novos investimentos em curso «para mudar a facilidade de, internamente, podermos produzir determinados fios que, até aqui, a nossa fiação não estava preparada. Temos de ter máquinas para trabalhar as pequenas quantidades – que é um problema que os nossos clientes sentem um pouco connosco, porque só temos máquinas de grande produção –, assim como para outras áreas, para fazer outro tipo de misturas e de fios», esclarece Fátima Antunes. «Estamos a trabalhar para termos um ano [de 2020] melhor», assegura.