A produção mundial de fibras voltou a crescer, para um recorde de 113 milhões de toneladas em 2021, após uma ligeira descida devido à covid-19 em 2020, avança o estudo Preferred Fiber & Materials Market Report da Textile Exchange, publicado em outubro de 2022.
Nos últimos 20 anos, salienta a organização, a produção mundial de fibras quase que duplicou face aos 58 milhões de toneladas em 2000 e deverá crescer para 149 milhões de toneladas em 2030 se o negócio se mantiver da mesma forma.
A quota de fibras recicladas aumentou ligeiramente, de 8,4% em 2020 para 8,9% em 2021, sobretudo devido ao aumento evidenciado nas fibras de poliéster produzidas à base de garrafas PET. Ainda assim, destaca a Textile Exchange, «menos de 1% do mercado mundial de fibras foi resultado da reciclagem de têxteis pré ou pós consumo em 2021», o que fica aquém do desejável para uma indústria que estabeleceu compromissos para manter o aquecimento global em 1,5 ºC, mas que continua a aumentar o consumo de fibras sintéticas virgens à base de combustíveis fósseis, que subiu de 60 milhões de toneladas em 2020 para 63 milhões de toneladas em 2021.
Sintéticas dominam
O volume produzido de fibras de poliéster aumentou de 57 milhões de toneladas em 2020 para 61 milhões de toneladas em 2021. Com uma quota de mercado de 54% da produção total de fibras em 2021, o poliéster continua a ser a fibra mais produzida. A quota de mercado de fibras recicladas de poliéster aumentou ligeiramente de 14,7% em 2020 para 14,8% em 2021. Devido aos preços baixos do poliéster de base fóssil, o mercado de poliéster reciclado tem vindo a crescer paulatinamente nos últimos anos e, apesar do desafio lançado pela Textile Exchange, a que aderiram mais de 132 marcas e fornecedores, para que em 2025 a quota de poliéster reciclado atinja os 45%, atualmente a maior parte do poliéster reciclado ainda é fabricado a partir de garrafas de plástico.
Já a poliamida ficou com uma quota de 5% do mercado mundial de fibras em 2021, com cerca de 5,9 milhões de toneladas, sendo que apenas 1,94% de toda a poliamida usada é reciclada. A maior parte destas fibras recicladas é obtida a partir de resíduos pré-consumo, havendo ainda uma parte resultante da reciclagem de redes de pesca e carpetes.
As outras fibras sintéticas, nomeadamente polipropileno, acrílico e poliuretano, representaram uma quota de mercado de 5,2%, com um volume combinado de produção de 5,8 milhões de toneladas em 2021.
Menos algodão produzido
As fibras naturais derivadas de plantas, onde se incluem o algodão, a juta, o cânhamo, o linho e outras, representaram 28% do mercado mundial de fibras.
A produção mundial de algodão virgem desceu em 2020/2021, para 24,4 milhões de toneladas, sendo que houve igualmente uma descida do algodão produzido de forma mais sustentável, que passou de 27% em 2019/2020 para 24% em 2020/2021, equivalente a 6 milhões de toneladas. Quanto ao algodão reciclado, representou cerca de 1% da produção total de algodão, estando estimado em cerca de 272 mil toneladas.
As restantes fibras naturais derivadas de plantas tiveram uma quota de mercado de cerca de 6%.
Fibras de origem animal mantêm quota
A produção de fibra mohair, por seu lado, foi de cerca de 4.300 toneladas, a de alpaca atingiu 6.000 toneladas e a de caxemira 26.344 toneladas, enquanto a seda registou uma quota de mercado de apenas 0,2%.
Regeneradas prometem
O estudo da Textile Exchange foca ainda o que chama de outras fibras regeneradas, que têm ainda pouca representatividade no mercado mundial, mas cujo desenvolvimento pode ajudar a alcançar uma pegada ambiental menor por parte da indústria da moda e, como tal, torná-las mais importantes no futuro, incluindo a reciclagem de misturas de têxteis, quer através de processos químicos, como os realizados pela Infinited Fiber Company e pela Södra, quer através de processos mecânicos, como o Texloop da Circular Systems, as fibras produzidas a partir de proteínas, nomeadamente a AMSilk Biosteel e a Microsilk da Bolt Threads, e as fibras que são obtidas a partir da captura de dióxido de carbono, como as da Covestro, da Fairbrics ou da LanzaTech.
