A Salvatore Ferragamo, cujos sapatos eram adorados por estrelas de Hollywood como Marilyn Monroe e Audrey Hepburn, planeia adicionar este ano entre 10 a 20 lojas à sua rede, quatro destas em grandes cidades chinesas, revelou Michele Norsa, CEO da marca italiana. Cerca de três quartos da receita da Salvatore Ferragamo derivam dos sapatos e bolsas. A marca possui uma forte presença em aeroportos-chave em todo o mundo, fazendo com que os viajantes sejam um importante grupo de clientes. «Esperamos uma melhoria na segunda parte do ano», afirmou Norsa no desfile de moda masculina da Ferragamo em Milão. «Para a China, as perspetivas de médio prazo são extremamente positivas e o crescimento no mercado de retalho de viagem é ainda muito acelerado», acrescentou. O grupo de luxo italiano aumentou em 10% as suas vendas anuais nas lojas que opera diretamente na China no primeiro trimestre, apesar das tensões geopolíticas entre a China, o Japão e o Vietname terem tido um impacto negativo sobre o seu negócio mais amplo na Ásia, indicou Norsa. O CEO confirmou a meta do grupo para o corrente ano de crescimento de um dígito da receita, apesar da persistente robustez do euro. Michele Norsa, que trabalhou para a rival Valentino antes de se juntar à casa de moda em 2006, recusou-se a dar previsões mais específicas sobre como o negócio iria progredir no segundo semestre de 2014. A Salvatore Ferragamo anunciou um aumento global de 3% nas vendas a retalho em igual número de lojas no primeiro trimestre. O grupo da Toscana, ainda controlado pela família fundadora, veio a público em 2011 e é a maior empresa de moda listada na Bolsa de Valores de Milão. O presidente Ferruccio Ferragamo disse aos jornalistas que o grupo não estava a considerar uma fusão ou aquisição, apesar das expectativas dos analistas para a consolidação contínua no sector e as mudanças na estrutura de propriedade das empresas de moda italianas. Norsa referiu que a Ferragamo, que fabrica o seu calçado e as bolsas inteiramente em Itália, poderá aumentar marginalmente os preços em determinados produtos na Europa para compensar a força do euro em relação ao dólar e ao iene e contra moedas voláteis de mercados emergentes, como a lira turca e o rublo russo. «O valor do câmbio tem um impacto grande e está a afetar o crescimento», explicou o CEO. «Se a taxa de câmbio não voltar a um equilíbrio mais razoável, poderemos considerar alguns pequenos aumentos para reduzir a diferença de preço em alguns lugares», acrescentou. As tensões geopolíticas entre a Rússia e a Ucrânia estão a afetar os negócios na Europa, com os clientes abonados destes países a reduzirem as viagens ao exterior. «[A crise] está a afetar algumas lojas específicas, como Capri e Montecarlo», apontou Norsa. «Mas os russos ainda estão apaixonados pela marca. Em Moscovo acabámos de reabrir uma loja muito maior. Eles vão voltar, neste momento estão provavelmente a viajar menos», concluiu Michele Norsa.