Fast fashion em guerra

A retalhista chinesa Temu está a acusar em tribunal a rival Shein de violar as leis anti-concorrência dos EUA, numa batalha pelo mercado que tem vindo a escalar as tensões entre as duas empresas asiáticas.

Shein [©Shein]

A Temu submeteu o processo na passada sexta-feira, 14 de julho, no tribunal federal de Boston, alegando que a Shein, que entrou no mercado americano em 2017, abusou do seu poder ao tentar coagir os produtores a evitar a Temu.

A queixa apresentada pela Temu refere que a Shein «obriga os produtores a assinarem compromissos de lealdade certificando que não vão fazer negócio com a Temu».

As práticas de negócio da Shein, refere a Temu, estão a levar a preços mais altos e a reduzir as possibilidades de escolha dos consumidores. A Shein alegadamente também impediu «a expansão do mercado de ultra fast fashion nos EUA», assegura o processo.

À Reuters, um porta-voz da Shein afirmou que o processo legal da Temu «não tem providência e iremos defender-nos vigorosamente».

Esta não será a primeira vez que as duas empresas se enfrentam em tribunal. Num processo submetido em Chicago, a Shein acusou a Temu de contratar influenciadores das redes sociais para «fazerem declarações falsas e enganadoras» sobre a Shein nas suas promoções da Temu. Esta última nega as acusações e pediu que o caso fosse arquivado, mas a decisão do tribunal ainda não foi aprovada.

Fundada na China, a Shein comercializa vestuário e artigos de moda a preços baixos, incluindo vestidos a 10 dólares. A empresa produz o vestuário na China, que depois vende online nos EUA, Europa e Ásia. Recentemente anunciou a construção de uma fábrica no México.

Segundo o Business Insider, a Shein trabalha com cerca de 6.000 produtores chineses para produzir vestuário de forma rápida e barata, recorrendo a inteligência artificial para identificar tendências. Em 2022, estava avaliada em 100 mil milhões de dólares, mas após uma queda nas vendas, o seu valor caiu para 66 milhões de dólares, de acordo com o The Wall Street Journal.

Já a Temu, subsidiária da empresa chinesa Pinduoduo, publicita-se como tendo preços mais baixos que a Shein, num negócio que tem vindo a crescer e que al´m de vestuário envolve muitas outras categorias. De acordo com a empresa de dados Yipit Data, citada pela Reuters, a retalhista passou de um valor bruto de produtos de 3 milhões de dólares em setembro para 192 milhões de dólares em janeiro.