Faria da Costa triplica produção

A procura sentida nos últimos anos, resultante, nomeadamente, da deslocalização de encomendas da Ásia, levou a empresa de peúgas a triplicar a sua capacidade produtiva e os investimentos nesse sentido deverão continuar.

Nuno Costa

Praticamente todos os dias a Faria da Costa recebe contactos de potenciais clientes e, apesar de produzir diariamente cerca de 40 mil pares de meias, ainda não consegue dar resposta a todos os pedidos.

«A procura tem aumentado bastante», afirma Nuno Costa, diretor-geral da empresa, nomeadamente por «clientes que compravam bastante na Ásia e estão a deslocalizar para Portugal pela proximidade. Primeiro pelo receio da pandemia, mas no pós-pandemia também».

Este incremento permitiu à empresa aumentar as vendas «20% a 30% por ano nos últimos três ou quatro anos», tendo encerrado 2022 com um volume de negócios que ultrapassou os 8 milhões de euros.

Apesar dos investimentos que tem feito, a Faria da Costa debate-se ainda com a mesma dificuldade. «O problema é se conseguimos dar resposta à procura, porque, neste momento, a procura é muito superior à nossa oferta», confessa Nuno Costa. «Já temos praticamente o ano completo em termos produtivos», sublinha.

Nos últimos três anos, a Faria da Costa quase que triplicou a sua capacidade produtiva, fruto de um plano de investimentos que começou em 2016. «Fomos aumentando a capacidade, melhorando o serviço, melhorando o produto e, não todos os anos, mas de dois em dois anos, fazemos investimentos de valores consideráveis», revela o diretor-geral.

Em 2018 terminou um projeto de investimento que rondou 1,4 milhões de euros e em 2020 iniciou um outro de 1,2 milhões de euros. «Em seis meses aumentámos a nossa área em cerca de 1.500 metros quadrados e a nossa capacidade produtiva em cerca de 20%», aponta. «Neste momento, esse investimento está realizado e já estamos a partir para outro. Estamos a considerar mais aumento de capacidade e não tanto inovação, porque para sermos um país que dá resposta à necessidade da Europa, pelo menos, temos de ter bastante capacidade», sublinha Nuno Costa.

Um desígnio que, acredita, terá de ser coletivo. «Sozinhos somos pouco, porque não temos capacidade de resposta para as grandes marcas, nem para as grandes empresas e cadeias. Se conseguirmos aumentar todos um bocadinho a nossa capacidade e fazer boas parcerias, aí conseguimos captar grande parte dos clientes que vão comprar à Ásia», acredita o diretor-geral da Faria da Costa.

Consolidar para crescer

Atualmente com 150 trabalhadores diretos, a empresa, que recorre também à subcontratação, tem ainda espaço para crescer. «Estamos a estudar ampliar a unidade em mais de mil metros quadrados», adianta Nuno Costa, que coloca as pessoas como essenciais a este plano de crescimento. «As máquinas são cada vez mais eficientes, mas a mão de obra é sempre um fator essencial, porque uma boa mão transforma o produto. Ou seja, a máquina pode fazer um produto bom, mas se for bem trabalhado pelo funcionário, conseguimos dar-lhe bastante valor. Estamos a apostar mais na especialização, damos formação praticamente todos os dias, temos um contacto muito próximo com os colaboradores, sempre a incutir a responsabilidade da qualidade do produto. Não temos tido praticamente reclamações nos clientes, estão todos bastante satisfeitos», destaca.

Com o Norte da Europa como principal destino de exportação, a Faria da Costa tem sentido igualmente uma maior procura de «marcas premium da França, muitos clientes do Canadá, dos EUA, de Israel», enumera Nuno Costa, garantindo uma maior diversificação.

Agora que as questões com as matérias-primas, nomeadamente a lã, começam a estabilizar em termos de preço e prazos de entrega, e com a energia proveniente dos painéis solares a permitir já uma autossuficiência de 25%, os planos da Faria da Costa passam por angariar clientes de outra gama, incluindo, para tal, um possível regresso às feiras. «Até agora estivemos muito calmos nas feiras porque estivemos a reestruturar e a reorganizar para conseguirmos dar uma resposta apropriada. Agora vamos à procura do cliente da gama acima. Ou seja, dar sempre mais um passo», mas sustentado, salienta o diretor-geral. «Queremos fazer um aumento consolidado. Estamos numa altura de muitas dúvidas, de muita incerteza, e temos de dar passos certos», conclui Nuno Costa.