Expotime renova frota

Depois de ter avançado com a produção de energia fotovoltaica com resultados positivos, a Expotime está agora a voltar-se para os veículos elétricos, ao mesmo tempo que prepara o crescimento futuro.

Pedro, João e Nuno Valinhas

Há já cerca de dois anos que a empresa decidiu colocar 270 painéis fotovoltaicos no telhado e o retorno desse investimento tem vindo a sentir-se. «Não somos autossuficientes na produção, mas já temos uma grande parte de produção de energia fotovoltaica», indica Pedro Valinhas. A produção «corresponde mais ou menos a 35% a 40% do consumo da empresa» aponta o administrador da Expotime, que não hesita em classificar a colocação dos painéis como «um bom investimento».

A produtora de vestuário prepara-se agora para os próximos passos. «O objetivo a seguir é começar a trocar a frota de viaturas para elétricos», revela Pedro Valinhas. Ao mesmo tempo, a empresa continua a «fazer investimentos na renovação do nosso parque de máquinas» e pretende também «avançar com certificações», aponta. Até ao final de junho, a empresa espera obter a certificação GOTS. «Tem havido uma procura de algodão orgânico por parte de clientes, que nos têm falado dessa certificação», justifica Pedro Valinhas. «Os clientes já começam a falar em sustentabilidade. Às vezes só querem o acabamento, ou seja, a lavagem, sustentável, ou tingimentos com corantes amigos do ambiente», exemplifica.

Aposta na diversificação

Especializada na produção de calças e bermudas sportswear, a empresa familiar, que tem ainda o fundador Joaquin Valiñas na administração, juntamente com os filhos Pedro e Nuno Valinhas, tem vindo a dar asas a algum desejo, provocado pela pandemia, de diversificação de produto e, de certa forma, a regressar ao passado. «No passado fomos produtores de blusões, mas há cerca de cinco anos decidimos deixar de os produzir. Agora, perante a conjuntura, retomamos a produção do blusão sportswear, lavado, tingido», afirma Pedro Valinhas.

As amostras, o corte e os acabamentos são realizados nas instalações da Expotime, que diretamente emprega 80 pessoas, enquanto as produções são confecionadas em parceiros. «Posicionámo-nos em clientes de média-alta qualidade. Desde sempre fugimos a fazer produtos de baixa qualidade ou de preço mais baixo, porque sabemos que é uma área bastante difícil e competitiva», assume o administrador da empresa, que exporta cerca de 75% do seu volume de negócios para mercados como França, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Dinamarca e EUA.

Juntamente com os esforços comerciais e o passa-a-palavra, o salão português Modtissimo tem sido a aposta para chegar a novos clientes, mas no horizonte da Expotime estão novos voos. «Neste momento, em que também estamos a olhar para dentro, se calhar vai haver necessidade de ir a mais feiras, principalmente em mercados nórdicos, e aumentar um bocadinho a nossa exposição em mercados como, por exemplo, a Inglaterra e a Suécia, porque achamos que o nosso produto se enquadra bem nesses mercados», revela Pedro Valinhas.

Marca própria em cima da mesa

Com experiência no desenvolvimento de produto – «não chamamos verdadeiramente uma coleção, desenvolvemos algumas peças com tecidos com novas lavagens, por exemplo, para apresentar aos clientes quando nos visitam», esclarece o administrador –, o lançamento de uma marca própria está no radar da empresa. «Ao longo dos anos fomos sentindo essa vontade, mas fomos deixando esse projeto na gaveta. Neste momento estamos a analisar as várias hipóteses. Uma das coisas é continuar com a exportação, provavelmente até tentar subir um bocadinho na percentagem, mas não está posto de parte também abraçar esse projeto da marca», confessa Pedro Valinhas.

Em 2020, a Expotime registou uma queda «importante no volume de faturação, de 25,5%, ou seja, menos 1,7 milhões de euros, para 5 milhões de euros», pelo que a curto prazo o objetivo é «tentar angariar novos clientes e dar a volta», assume o administrador, que tem sentido uma mudança nos compradores, mais empenhados em encomendas mais pequenas e aumento das cores no mesmo estilo, assim como em modelos de negócios diferentes do tradicional, por exemplo com pré-venda. «Vamos ter que reaprender e fazer planos a curto e médio prazo», admite.

Apesar disso, o futuro da Expotime está já a ser preparado, com a entrada da terceira geração, personificada por João Valinhas, no negócio familiar. «Uma empresa que trabalhe com clientes estrangeiros tem que ter sempre uma pessoa que possa estar 100% disponível para os visitar, para lhes apresentar novos produtos. Penso que é preciso ter uma pessoa mais jovem com essa disponibilidade e acho que [o João] vai ser uma mais-valia nesse sentido. Penso também que, se eventualmente abraçar o projeto de internacionalização de uma marca, terá de ser com gente nova», acredita Pedro Valinhas.