Exposição alerta para poluição causada pelo vestuário

A enorme quantidade de resíduos têxteis produzidos diariamente é o problema socioambiental que deu origem ao projeto de artes visuais A_Wear, traduzido na exposição inaugurada no Centro de Artes de Sines.

[©Centro de Artes de Sines]

Inserida nas iniciativas paralelas do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, a exposição A_Wear constitui um alerta da sua autora, Ana Baleia, que materializa em peças artísticas a forma como se relaciona com o dilema das toneladas de roupa descartada. O conjunto de peças de instalação e escultura que compõem a mostra tem, assim, como principal matéria-prima vestuário usado que foi deitado ao lixo.

Ana Baleia chamou à exposição A_Wear, palavras que brincam com o vestir e com a sonoridade da expressão em inglês, que a artista traduz como «estar alerta, estar a par», explica à agência Lusa. A autora da mostra defende que é preciso haver uma maior consciencialização sobra a quantidade de roupa que vai parar ao lixo e também do volume de roupa que compramos.

Após ter estudado design de moda, Ana Baleia experienciou diferentes áreas da indústria têxtil. E quando trabalhava junto da produção massiva de vestuário para grandes marcas percebeu a «poluição toda», a sua dimensão, e a forma como as pessoas trabalham.

O fenómeno apaixonou-a ao ponto de viajar até à Índia para ver o que se passava e falar com pessoas envolvidas na produção. Na Ásia, compreendeu «perfeitamente» a forma como as peças são negociadas, os preços que se pagam, o modo como as pessoas trabalham e são tratadas. «E há sítios piores do que a Índia», denuncia, em declarações à Lusa.

Atacama [©AFP/Martin Bernetti]
«Custa-me muito ver aquelas imagens do deserto no Chile, cheio de roupa, dos aterros, da forma como as pessoas não se conseguem livrar da roupa», confessa. Ana Baleia acredita que a solução é fazermos rewind e não comprarmos tantas peças de vestuário. «Sei que muitas pessoas compram roupa barata, porque é a única que conseguem comprar. Também entendo isso. A moda, se for muito cara, não chega a todos, mas acho que podemos selecionar melhor», considera.

A mostra pode ser visitada no Centro de Artes de Sines até 22 de agosto de 2022, entre as 10 e as 18 horas.