Exportações chinesas ainda mais baratas?

Os preços da China poderão registar uma quebra significativa em 2005, em resultado da extinção das quotas agendada para o fim do ano e da consequente eliminação dos elevados custos que a estas estão associados. Mas, de acordo com o estudo do Emerging Textiles, a quebra dos preços poderá exceder o actual nível associado com as taxas das quotas, como já foi verificado em 2002, ano em que a China beneficiou de um primeiro pacote de liberalização no comércio de têxteis e de vestuário.

Em resultado da queda dos preços, prevê-se que em 2005 as exportações chinesas registem um crescimento significativo, gerado pela total eliminação das quotas e dos respectivos custos que lhes estão associados. As taxas associadas com as quotas, pagas pelos exportadores, são extremamente elevadas na China, tornando os têxteis e o vestuário exportados muito mais caros do que seriam no mercado liberalizado.

Por exemplo, o preço médio da quota na categoria 347/348 (calças de algodão) é de cerca de 40 dólares (33 euros) por doze pares, custo este que é relativo a um preço médio de importação de 120 dólares (99 euros) por dúzia nos portos norte-americanos.

Com o fim das limitações norte-americanas na categoria 347/348, o preço médio de importação poderá diminuir em cerca de 40 dólares por cada doze pares de calças, colocando o preço de importação das calças de algodão com origem do Cambodja, Filipinas ou Indonésia nos 80 dólares a dúzia.

No entanto, como já foi registado em 2002, a queda nos preços das importações da China poderá ser superior ao actual nível dos custos associados com as quotas.

Após a sua entrada na OMC, em final de 2001, a China tirou vantagem da terceira fase de liberalização do comércio de têxteis, ao abrigo do Agreement on Textiles and CLothing (ATC). As quotas norte-americanas EUA foram eliminadas em todas as importações em 28 categorias de produtos seleccionados previamente pelos EUA. Em consequência desta medida, os preços de exportação da China registaram uma quebra imediata e o valor da diminuição registada excedeu o nível dos custos das quotas para a maioria das categorias.

O Emerging Textiles calculou o nível de quebra no preço das exportações chinesas, em valor unitário, que poderia ser esperado pela eliminação dos custos das quotas verificados em 2000. Ao comparar os valores unitários previstos em 2002, com os valores efectivamente registados no preço unitário das exportações chinesas no mesmo ano, o Emerging Textiles determinou que o preço efectivo era muito inferior ao que seria de prever. No conjunto, os preços unitários registaram uma quebra de 53% relativamente à previsão estabelecida de 21%.

Por exemplo, na categoria 649 (soutiens fabricados com fibras artificiais), o preço unitário médio deveria cair dos 60,22 dólares (49,60 euros) a dúzia para os 47,58 dólares (39,20 euros) por dúzia em 2002. No entanto, o preço unitário efectivo em 2002 foi muito inferior ao previsto, cifrando-se nos 28,12 dólares (23,17 euros) a dúzia,

 

Em resultado desta quebra acentuada dos preços, as exportações da China registaram na categoria 649 um crescimento de 648% em 2002, com a China a conquistar uma subida da sua quota de mercado dos 3,52% em 2001 para os 34,29% nos primeiros quatro meses de 2004.

Foram registadas quebras semelhantes nos preços da grande maioria dos produtos das categorias liberalizadas.

De acordo com um estudo apresentado recentemente pela associação têxtil norte americana NCTO (National Council of Textile Organizations), os preços das exportações chinesas registaram uma quebra generalizada de 48% nas categorias de vestuário liberalizadas, enquanto a quota de mercado da China registou uma subida dos 9% em 2001, para os 65% nos primeiros quatro meses do ano.