Os comentários de Brozzetti sobre o mercado europeu de luxo destacam a vulnerabilidade do sector à crise na Zona Euro. «O mercado de luxo na Europa está com dificuldades evidentes, especialmente no Sul da Europa. Quem negar isto não quer ver a realidade», afirmou o diretor executivo da casa de moda italiana Roberto Cavallà margem do recente desfile da Just Cavalli em Milão, onde as modelos com vestidos ousados, apimentaram uma passerelle coberta por um tapete impresso com manchas de leopardo. «Temos de ter cuidado porque 2012 será um ano difícil para aqueles que estão mais expostos à Europa Central e do Sul», referiu Brozzetti. «Quem tiver dinheiro poderá funcionar bem, mas quem precisar de financiamento terá dificuldade no acesso ao crédito», acrescentou. Gianluca Brozzetti, que foi recrutado pelo designer Roberto Cavalli em 2009, após ter passado pelo Grupo Gucci e pela Louis Vuitton, indicou que as casas de moda não podem aumentar os preços. «É fundamental manter os preços em níveis aceitáveis. Os consumidores querem valor pelo dinheiro», sublinhou. A Altagamma, associação italiana para o comércio de produtos de luxo, prevê que o sector cresça ao nível mundial de forma moderada em 2012, suportado pelo forte consumo na Ásia e por empresas melhor preparadas. Mas a desaceleração económica na Europa, que começou nos últimos meses do ano passado, está a alimentar as preocupações com uma repetição da crise financeira de 2008/2009, quando a indústria do luxo sofreu uma desaceleração nunca vista em décadas. A casa de moda Cavalli foi duramente atingida durante a recessão por problemas financeiros no grupo de moda IT Holding, cuja unidade Ittierre fabricava a sua linha Just Cavalli dirigida aos consumidores mais jovens. A coleção da Just Cavalli é agora produzida sob licença por Renzo Rosso, o empresário italiano que detém a marca Diesel entre outras. Brozzetti revelou igualmente que a Roberto Cavalli quer cumprir o seu plano de recuperação antes de olhar para uma possível venda ou oferta pública inicial. A casa de moda italiana negou firmemente os relatos publicados num jornal financeiro italiano relativos a uma oferta russa. «As condições não são adequadas para pensarmos em algo assim», explicou Brozzetti. A Roberto Cavalli é uma casa rentável, tendo fechado o ano 2011 com receitas de 178 milhões de euros. Os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) corresponderam a 14,5% das receitas. A dívida líquida no final de 2011 melhorou dos 40,9 milhões de euros registados um ano antes para os atuais 36,8 milhões de euros.