Com mais de 40 anos de atividade e um volume de negócios de cerca de 10 milhões de euros, a Eurodavil criou a marca Valuni com o objetivo de captar clientes private label. «Somos bons a fabricar para outros e foi essa a estratégia que adotamos a uma determinada altura e com bastante sucesso», afirma o diretor comercial David Braga.
Os sneakers são hoje a estrela da casa da empresa da Arrifana, que sempre soube evoluir em direção às pretensões dos seus clientes. «Sempre tivemos uma mais-valia que foi, e continua a ser, a flexibilidade em termos de produção. Temos a possibilidade de fazer várias construções e adaptamo-nos muito bem à necessidade do mercado e dos clientes, portanto, sabemos fazer bem o casual, o clássico e o desportivo», revela ao Portugal Têxtil.
A média de programação semanal da Eurodavil situa-se entre os 4.000 e os 4.500 pares de sapatos, que são produzidos pelos cerca de 130 trabalhadores. O destino dos sapatos de segmento medio/alto são marcas de vários cantos do mundo. «O mercado europeu é importante, sobretudo o Reino Unido e a Escandinávia», destaca o diretor comercial. A par destes mercados, «trabalhamos com marcas americanas que não são conhecidas, mas que representam um bom negócio para a empresa. Marcas no Japão e na Austrália, por exemplo», acrescenta.
Com vista a uma maior eficácia em termos energéticos e produtivos, a Eurodavil investiu recentemente 2 milhões de euros em painéis fotovoltaicos, maquinaria nova na linha de montagem, no sector de corte automatizado e aspiração central. Tudo isto «no sentido de flexibilizarmos ainda mais a produção, atrair gente nova para a indústria», aponta David Braga, que apesar de não ter tido problemas na contratação de novos recursos humanos, tem levado a cabo um conjunto de mudanças «para que os trabalhadores tenham um ambiente de trabalho bom, limpo e tecnologicamente avançado, para atrair os melhores e quem queira mesmo trabalhar», salienta.
A par disto, a empresa tem um projeto em desenvolvimento com o Centro Tecnológico do Calçado para produzir de forma mais sustentável. «Trata-se de um projeto que já está aprovado e vamos agora iniciar dentro de dias. Permitirá ensinar às pessoas a produzir de uma maneira mais sustentável e aplicar algumas técnicas de combate ao desperdício para que possamos provar aos clientes que os sapatos são feitos realmente sustentáveis», explica o diretor comercial.
Apesar da carteira de clientes da Valuni não solicitar muito peles de origem vegetal, a marca tem lançado linhas alternativas, sobretudo com o recurso a solas e tecidos reciclados. «Na nossa empresa, e os nossos clientes, o produto principal continua a ser a pele animal. Mas noto que as marcas têm necessidade de começar a incorporar algo, ou contar alguma história nesse sentido, mais sustentável», considera David Braga, que antecipa um «2023 com boas perspetivas de negócio».