EUA superam expectativas

A economia americana cresceu a um ritmo mais elevado do que o esperado no segundo trimestre, afastando o espectro da recessão, mas o consumo de vestuário baixou face ao trimestre anterior.

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Apesar da aceleração do crescimento reportada pelo Departamento de Comércio, a inflação reduziu consideravelmente no último trimestre.

Economistas, alguns dos quais preveem uma recessão desde 2022, acreditam que o ciclo de aumento mais rápido da taxa de juros do banco central dos EUA desde a década de 1980 está a chegar ao fim, embora a forte procura interna possa manter os custos dos empréstimos mais altos por mais tempo. Na semana passada, a Reserva Federal aumentou a taxa de referência em 25 pontos base, para um valor entre 5,25% e 5,50%.

«Apesar da campanha da Reserva Federal para abrandar o crescimento e exterminar a inflação, não há nenhuma recessão à vista», sublinha, em declarações à Reuters, Sung Won Sohn, professor de economia e finanças na Universidade Loyola Marymount, em Los Angeles. «Parem agora de subir as taxas», acrescenta.

O produto interno bruto (PIB) aumentou para uma taxa anual de 2,4% no último trimestre e a economia terá crescido a um ritmo de 2% no trimestre de janeiro a março. Economistas consultados pela Reuters preveem um aumento de 1,8% no período de abril a junho.

O índice de preços nas compras brutas internas, a medida do governo para a inflação, subiu a uma taxa de 1,9%, a mais lenta nos últimos três anos – no primeiro trimestre, tinha sido de 3,8%.

Ainda mais encorajador é o índice de preços de consumo pessoal, que excluindo alimentação e energia, aumentou 3,8%, a taxa mais baixa desde o primeiro trimestre de 2021 e um abrandamento face aos 4,9% registados no trimestre entre janeiro e março.

«Tem havido alguns desenvolvimentos favoráveis do lado da oferta que podem ter impacto», afirma Miccahel Feroli, economista chefe para os EUA na JPMorgan em Nova Iorque.

Joe Biden considera que a evolução do PIB é a prova de que o seu plano económico está a funcionar. «Estamos só a começar», sublinha o Presidente dos EUA em comunicado.

Menos compras de vestuário

O consumo, que representa mais de dois terços da atividade económica dos EUA, aumentou a um ritmo de 1,6% no segundo trimestre. Embora seja um abrandamento face aos 4,2% do primeiro trimestre, foi o suficiente para adicionar um ponto percentual ao crescimento do PIB.

As famílias aumentaram as compras de bens de lazer e veículos, mas reduziram as compras de vestuário e automóveis. Gastaram mais em serviços como as contas da casa, viagens de avião e manutenção e reparação de veículos a motor.

O rendimento das famílias após os ajustes ligados à inflação subiu 2,5%, depois de ter aumentado 8,5% no primeiro trimestre. A taxa de poupança passou de 4,3% para 4,4%.

A persistência do mercado de trabalho manteve-se no início do terceiro trimestre, com as empresas a procurarem angariar mão de obra, depois das dificuldades sentidas durante a pandemia de coronavírus. Um estudo independente do Departamento de Trabalho mostrou que os pedidos iniciais de subsídio de desemprego baixaram em 7.000, para 221 mil para a semana terminada a 22 de julho, o nível mais baixo desde fevereiro.