Com o seu desarmante uso de contrastes de cor e um estilo bem indiano, o designer Manish Arora chamou a atenção da indústria da moda internacional para a mais jovem indústria de moda do país. Aos 33 anos de idade, e de volta de uma bem sucedida passagem pela Semana de Moda de Londres, foi um dos mais procurados designers da Semana de Moda da Índia, que terminou no passado dia 9. Ele desfilou os seus modelos em saias volumosas e vestidos de linha imperial com motivos alusivos a importantes marcos de Londres e deuses indianos pintados de forma extravagante, deixando os compradores arrebatados. «Foi simplesmente fabuloso. Quando se lê nas entrelinhas, há peças realmente muito bonitas», comentou Chantal Rousseaus, da lojas dos Estados Unidos Bloomingdale’s. Manish Arora foi nomeado o melhor designer indiano por peritos na área para a revista Outlook no mês passado, tendo recebido igualmente excelentes críticas na imprensa britânica após a sua recente apresentação em Londres. Duas passagens consecutivas pela passarela de Londres consagraram este jovem designer indiano. No entanto, na Índia o seu reconhecimento não foi assim tão repentino, onde lançou a sua marca em 1997, que foi também muito bem recebida. Numa recente campanha para a gigante de artigos desportivos Reebok, Arora usa um par de sapatilhas psicadélicas. Na mesma campanha Arora diz «Não gosta dos meus desenhos? Não tem de gostar». Esta frase define realmente muito bem o criador indiano. Uma linha de t-shirts pintada com graffitis indianosem queuma diz «You are not allowed to urinate here» – Não é permitido urinar aqui – levou algumas das pessoas mais ricas e famosas a comprar os seus artigos. Noutra t-shirt podia ler-se «Jack and Jill had sex» – Jack e Jill fizeram sexo. O designer seguiu a sua inclinação para chocar com as suas subsequentes colecções: uma com motivos de caveira enquanto outra tinha lagartos, o que levou um critico de moda a perguntar: «O que será que vem a seguir?…». Os desenhos de Arora reflectem a sua excentricidade, que ele leva, literalmente, nas mangas. A tatuagem no seu braço diz Ladies Tailor, numa clara referênciaàs lojas de vestuário especializadas nos simples saris. Manish Arora tem ainda dois piercings na sobrancelha, e ao contrário do resto das pessoas que gostam de conduzir carros luxuosos, Arora prefere um volumoso Ambassador de 1950. A sua marca chama-se Fish Fry, que em inglês da Índia significa peixe frito, e os interiores das suas lojas são na sua maioria pintadas de forma a parecerem as cores berrantes dos camiões indianos. Os críticos, alguns dos quais acham as suas criações ultrajantes, afirmam que a sua capacidade de transformar os vulgares trajes de rua indianos em peças de alta moda coloca-o à margem dos seus pares, que se mantêm na sua maioria a fazer vestidos de noiva, e que são procurados como meros costureiros para casamentos. «Se queres uma Índia kitsch, uma Índia actual, Manish é a pessoa certa», afirma Sunil Sethi, compradora da cadeia de vestuário britânica Selfridges. O anterior patrão de Manish Arora e designer Rohit Bal, que o escolheu como assistente do Instituto Nacional de Tecnologia de Moda de Nova Deli, afirmou que a força de Arora é o seu brazão. «O melhor acerca dele é ser absolutamente ele próprio, na sua casa, na sua loja, nas suas criações, nos seus desenhos. Ele não se importa com mais ninguém», conclui.