Uma revolução na cadeia de produção da ITV dos Estados Unidos. É este o resultado esperado após a concretização de uma nova lei que visa conceder direitos preferenciais ao vestuário confeccionado nos países da África Subsariana e Caribe. Esta lei, a Trade and Development Act of 2000, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos e que já foi promulgada pelo Presidente no final de Maio, concede um conjunto de benefícios aos países das duas regiões que poderá levar a uma reestruturação completa das cadeias de fornecimento de vestuário para o mercados americano.
Com a implementação destes benefícios, em 1 de Outubro, os maiores perdedores poderão ser os países asiáticos, já que, principalmente no caso dos países da Bacia do Caribe, à proximidade geográfica, adequada para estratégias de Quick Response, alia-se agora uma vantagem em termos de custos de importação da maioria dos produtos têxteis. Face a consumidores e distribuidores que exigem cada vez maiores rotações de stocks e de produtos, a grande vantagem desta lei, segundo os produtores norte-americanos, é o facto de permitir que se alie lead-times muito inferiores aos possíveis na produção localizada na Ásia a claras vantagens em termos de custos.
Como refere Peter McGrath, responsável pelas compras da J.C. Penney, a realidade da ITV actual é que os ciclos da procura são cada vez mais rápidos, levando a que o retalhista que conseguir responder com maior brevidade será aquele que ganhará face aos seus concorrentes. O mesmo responsável afirma que a eliminação dos direitos e quotas de importação provocará uma reorientação das aquisições em benefícios dos países do Caribe em detrimento de outros países como a Formosa, Tailândia e Filipinas. Outros prováveis beneficiários desta liberalização são os produtores de fios e tecidos dos EUA.
A isenção de direitos e quotas às importações oriundas do Caribe e África Subsariana só se verificam no caso de produtos confeccionados localmente a partir de fios e tecidos oriundos dos Estados Unidos. Estimativas do Instituto de Produtores Têxteis dos Estados Unidos apontam para um crescimento das exportações de fios e tecidos para os países do Caribe de 100%, prevendo-se um consumo superior aos 6 mil milhões de metros quadrados. No meio desta alteração radical do sourcing por parte dos produtores dos EUA, levanta-se porém uma questão. Para quem e para que mercados é que os produtores asiáticos começarão a produzir, dada a sua enorme capacidade instalada?