Está o consumo a voltar ao normal?

A Trendalytics, uma empresa de inteligência de produtos, revela que dois milhões de pessoas estão a procurar jeans numa base semanal. Será este o ponto de viragem que, finalmente, ultrapassa o loungewear?

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Os números são um bálsamo para qualquer player da indústria do denim em comparação com o cenário vivido há um ano, por causa da pandemia, que colocou as calças de fato de treino e o designado “nap dress”, uma espécie de vestido para ficar em casa, no centro das atenções. Ainda assim, a procura por leggings e outros artigos mais desportivos chegam aos 940 mil semanalmente.

O regresso dos jeans é um sinal de que os consumidores estão a dizer adeus ao uniforme de quarentena que privilegia, acima de tudo, conforto, mas a procura por este produto mais formal não é apenas uma resposta a um confinamento que durou mais do que o esperado. Para Chip Bergh, presidente e CEO da Levi Strauss & Co., o aumento nas pesquisas por jeans também foi impulsionado pela integração de novos modelos de calças com cortes mais amplos e silhuetas mais largas. Segundo a Trendalytics, a procura por jeans aumentou 33% face a igual período do ano passado e 13% comparativamente a 2019.

As pesquisas por modelos largos mais do que duplicaram desde 2019 e continuam a crescer. Em média, 640 mil pessoas estão à procura de artigos baggy, o que se traduz numa subida de 74% desde o ano passado, com os mom jeans em destaque. No entanto, isto não quer dizer que as calças justas já não sejam um clássico do guarda-roupa, uma vez que, de acordo com a empresa de inteligência de produtos, o mercado tem duas vezes mais as tradicionais skinny jeans do que os restantes modelos. Marcas como a Good American e a AG continuam a lançar estes modelos skinny, depositando confiança no sucesso de vendas.

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De igual modo, os jeggings estão em constante evolução devido às inovações que os tornam cada vez mais confortáveis, um critério que se tornou indispensável para o consumidor. Neste âmbito, a coleção SpanSpring jeggings da NYDJ esgotou numa semana.

Na perspetiva da Trendalytics, os modelos mais populares de 2021 vão continuar a ser também em 2022, nomeadamente os mom jeans e as calças skinny, seguidas pelas baggy jeans, calças flare e jeggings. A tendência de mostrar a pele com algumas aberturas nas calças será também um estilo a ter debaixo de olho e já a ganhar força em várias marcas.

Oportunidades coloridas

Por sua vez, o denim colorido está mais popular do que nunca, com os consumidores a arriscarem em tonalidades de lilás, a cor predileta, sem, todavia, ultrapassar o preto, que conta com 100 mil pesquisas semanais, o que denota um ligeiro crescimento desde 2019. O lilás é responsável por 42% das pesquisas de jeans coloridos, seguindo-se o verde e o rosa com 15%, o vermelho com 14%, o amarelo com 6% e o laranja com 5%, avança o Sourcing Journal.

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O aumento significativo na procura de jeans é sinónimo de oportunidades tanto para a indústria de denim como para a vertente mais moda depois das wide-leg jeans coloridas da Zara se terem tornado virais no TikTok, o que rendeu à retalhista 49 mil pesquisas semanais, uma subida de 35% em relação ao ano passado, tornando-a a principal insígnia de jeans em termos de crescimento de pesquisas em 2020.

A Levi’s conta, em média, com mais de 1,3 milhões de pesquisas semanais, sendo que a empresa registou um incremento na receita líquida do segundo trimestre de 2021 de 156%, para os 1,28 mil milhões de dólares (cerca de 1,52 mil milhões de euros). Esta evolução levou os executivos a projetar que a segunda metade fiscal de 2021 será superior a 2019, uma estimativa fundamentada pela procura crescente por denim, bem como pela flexibilidade mostrada pela empresa durante a pandemia.