Especialização da expedição e logística – Parte II

Na segunda parte deste estudo (ver Parte I no Portugal Têxtil) desenvolvido pelo editor da Textile World, Jim Borneman, são analisadas as soluções específicas para a indústria têxtil e de vestuário de empresas como a Maersk e a FedEx. Maersk: verdadeiramente internacional Com a sede norte-americana localizada em Madison, New Jersey, e com a sede internacional em Copenhaga na Dinamarca, a Maersk é uma empresa de topo no transporte marítimo, assim como numa vasta gama de serviços de logística. «Somos verdadeiramente internacionais, assim como os nossos clientes», refere Brian Moore colaborador da Maersk na área de vendas. «A Maersk possui os seus próprios escritórios em praticamente todos os países produtores de vestuário no mundo. Preferimos controlar as nossas próprias operações o mais possível e, por conseguinte, as mercadorias que os nossos clientes nos confiam. O fornecimento de vestuário pode modificar-se significativamente e os nossos clientes prezam o facto de não precisarem de se envolver com um novo fornecedor de serviço de transporte sempre que adquirem os seus produtos num novo país». Quando questionado sobre o tipo de clientes servidos pela Maersk, Moore refere que «No sector têxtil e de vestuário, fornecemos serviços a uma vasta gama de clientes, desde os maiores retalhistas até aos mais pequenos vendedores familiares generalistas. Na medida em que no negócio da logística não existe uma solução única para todos os casos, trabalhamos próximo dos nossos clientes para fornecer o nível de serviço que requerem, desde o mais simples até ao mais sofisticado». «As empresas inteligentes, que serão as eventuais vencedoras na indústria de vestuário, são as que olham para além da transacção no sentido do estratégico», refere Moore. «Estas empresas unem-se com os seus vendedores e fornecedores de logística para evitar a duplicação dispendiosa, levando os custos para fora do sistema ao mesmo tempo que aceleram a sua mercadoria ao longo da cadeia. Os vencedores aperceberam-se de que precisam dar prioridade à logística do seu negócio». «A natureza abrangente do negócio de vestuário de hoje em dia poderá encurtar o actual ciclo de produção, mas a contrapartida é que a produção está mais longe do cliente final. De forma a assegurar a existência de uma redução no tempo necessário desde o design até à entrega, cada ponto da cadeia deve ser cuidadosamente analisado e, para evitar uma mentalidade do tipo silo, é necessário existir alguém que assuma a responsabilidade por todas as facetas do processo», refere Moore. Em relação ao futuro, Moore considera que «Vemos oportunidades de crescimento em todas as áreas do nosso negócio. O negócio de base de movimentação de contentores vai expandir-se de acordo com o mercado, assim como a quantidade e a capacidade dos novos navios e serviços que empreendemos. O crescimento no âmbito de serviços com valor acrescentado de logística, armazenagem, intermediários, transporte aéreo e camionagem vão expandir a uma taxa superior, na medida em que estas são as áreas onde os clientes expressaram um forte interesse em desenvolver, e vêem a possibilidade de gastar alguns dólares para poupar muitos». FedEx faz mais do que entregas «A indústria têxtil e de vestuário enfrenta um nível de complexidade sem precedentes» refere John Wilkins, consultor nas áreas de vestuário, têxteis e calçado para a FedEx, sedeada em Memphis no Tennessee. Com mais de 250.000 funcionários e fornecedores em todo o mundo, e receitas no valor de 29,4 mil milhões de dólares em 2005, a FedEx oferece uma solução têxtil. «A FedEx investiu significativamente em tecnologias que fornecem aos nossos clientes o acesso à informação de que precisam através de serviços como o FedEx InSight e o Global Trade Manager. O actual nível de movimentação de produtos em todo o mundo gera desafios como a existência de amostras de laboratório e de rolos de tecido retidas nas alfândegas, custos de movimentação das cargas em terra em constante mudança à medida que as empresas alteram as suas bases de subcontratação e o risco de descobrir que um novo subcontratado possa estar numa lista de entidades interditas», refere Wilkins. «A FedEx também trabalha com os expedidores no sentido de implementar poderosos sistemas de gestão da expedição em servidores dedicados. Estes sistemas podem fornecer capacidades de intercâmbio electrónico de dados, gestão e controlo centralizado de contas de expedição, facturação electrónica e controlo contabilístico, podendo também aplicar regras de negócio a diferentes tipos de expedições para diferentes cenários de forma a que os expedidores dentro de determinada empresa não utilizem serviços de que não necessitem», refere Wilkins. «Estes sistemas podem geralmente ser integrado no âmbito dos sistemas de gestão de dados do produto e de outros sistemas de gestão de armazéns». «O negócio de vestuário de vestuário está mais complexo do que nunca, mas a FedEx possui a experiência e os recursos necessários para ajudar os nossos clientes a navegar no comércio internacional», acrescenta Wilkins. «A FedEx é o maior intermediário ao nível alfandegário na América do Norte e trabalha com os nossos clientes no sentido de os ajudar a perceber as alfândegas dos EUA e as agências reguladoras». «Por exemplo, através do Trade Networks Trade & Customs Advisory Services da FedEx, ajudamos os nossos clientes a tomar medidas para evitar atrasos nas alfândegas e melhorar a sua cadeia de fornecimento com programas que os orientam através do processo de auditoria e certificação do C-TPAT (Customs Trade Partnership Against Terrorism). Ao longo de todo o processo, as nossas ferramentas de visibilidade fornecem informação de fácil acesso para os nossos clientes verem onde os seus inventários se encontram em qualquer momento». Em termos de soluções criativas, Wilkins refere: «Nós desenvolvemos um sistema para um grande retalhista vertical o qual permite renovar os artigos disponíveis na loja directamente do exterior sem ter de passar por centros de distribuição domésticos. Os artigos prontos para entrar nas prateleiras são entregues à FedEx no estrangeiro, são consolidados electronicamente e, antes dos produtos chegarem efectivamente, dão entrada electrónica nos EUA. Quando os produtos entram efectivamente no mercado norte-americano são movimentados para a rede expresso interna e entregues nas lojas por todo o país». «Este sistema foi desenvolvido para permitir ao retalhista adiar a escolha da distribuição até ao último minuto possível, de forma a distribuir os artigos para as lojas onde as vendas de determinada cor ou onde determinadas condições atmosféricas estão a afectar determinado SKU (Stock Keeping Unit)», refere Wilkins. «O retalhista pode manter os inventários controlados, considerando o prazo de quatro dias desde a fábrica até à loja em vez das três a quatro semanas por via marítima, maximizando as margens através da melhor distribuição e das menores rupturas de stock». Quando questionado se a indústria têxtil e de vestuário está a contribuir para que a logística se torne mais rápida, melhor e mais económica, Wilkins refere que: «”Mais rápida, melhor e mais económica” são conceitos fundamentais para a indústria têxtil e de vestuários, mas é também fundamental pensar sobre estes conceitos de uma forma muito abrangente. “Mais económica” pode significar menores receitas para o fornecedor do transporte, menores custos relacionados com a deslocação de inventários ou menores rebaixas como resultado de um sistema de reposição de stocks mais rápido». «Na FedEx gostaríamos de ver mais empresas da indústria a abordarem o transporte sob a perspectiva de como este pode ajudar um negócio e como poderá ter impacto noutras rubricas das actividades da empresa, tal como: rebaixas, taxas de juro e nível máximo de vendas. Por exemplo, uma adequada estratégia de transportes pode ajudar uma empresa a entrar num novo mercado geográfico sem a necessidade de investir em centros de distribuição. Diversas empresas de primeira linha adoptaram esta abordagem, mas mais empresas deviam fazê-lo. Um ponto fulcral para esta abordagem encontra-se em dispor de tempo para perceber como o transporte e a rapidez se enquadram na cadeia de fornecimento de uma empresa, na sua conta de despesas e proveitos, e no seu balancete». Desafios futuros Ouvindo as respostas de alguns dos principais intervenientes no despacho e logística de artigos têxteis e de vestuário, a necessidade de desenvolver parcerias e de cooperar torna-se clara. O âmbito dos serviços, a capacidade de coordenar movimentações e a visibilidade fornecida pelas actuais soluções estão a fazer a diferença para as empresas têxteis, independentemente de serem grandes ou pequenas. Com maiores níveis de eficiência existem crescentes expectativas ao longo da cadeia de fornecimento têxtil no sentido de saber, compreender e utilizar os serviços disponíveis. Conforme refere Wilkins da FedEx: «A indústria tem ainda muito potencial a jusante para fomentar o transporte. Frequentemente algumas empresas ainda aparentam abordar o transporte de forma táctica ou apenas como a compra de um produto». O consenso é que se as soluções de expedição e logística não forem fomentadas, a empresa afectada está inadvertidamente a perder competitividade, por mais nenhuma razão do que pelo facto de não perceber e não dar prioridade às soluções de expedição. «Estratégias criativas», refere Velez-Fernandez da Seaboard Marine «estão agora a tornar-se uma experiência diária no que se refere a tomar as decisões de transporte que afectam a gestão da cadeia de fornecimento e a logística». Esta é outra área onde a indústria têxtil deve inovar e colaborar de forma a manter-se relevante no mercado internacional.