Também Espanha e Grécia participaram ontem nas dúvidas expressas por Jaime Gama, ministro dos negócios estrangeiros, durante a reunião com os Quinze sobre o tipo de concessões comerciais escolhidas pela Comissão Europeia (CE) para compensar o apoio do Paquistão à coligação internacional contra o terrorismo, noticiou o Público. As dúvidas referidas, vão fazer com que a CE seja obrigada a desenvolver um diálogo técnico com os governos europeus no sentido de avaliar o impacto das concessões negociadas a 15 de Outubro com Islamabad e que visam eliminar os direitos alfandegários cobrados pela UE à entrada dos têxteis-lar e vestuário paquistaneses (que ascendem actualmente a 8%) e um aumento de 15% das suas quotas de importação. No entanto, este processo de esclarecimento não será suficiente para pôr em causa a aprovação destes termos pelos Quinze no próximo mês de Dezembro, pois apesar de caber ao conselho de ministros aprovar a proposta da Comissão, a decisão apenas necessita da aprovação da maioria qualificada dos Quinze. Em conjunto com Espanha, França, Itália e Grécia, Portugal pretende acima de tudo evitar que este acordo com o Paquistão, vá abrir precedentes para países como a Índia ou a Tailândia, que são ferozes concorrentes à indústria europeia. Jaime Gama afirmou que «preocupa-nos muito a extrapolação eventual para outros países», frisando ainda que «a questão não é só portuguesa, é uma questão global de toda a indústria comunitária». A provar esta afirmação, está precisamente a carta enviada pela união francesa da indústria têxtil, ao comissário europeu, Pascal Lamy, responsável pela política comercial dos Quinze, que considera o acordo com o Paquistão como o primeiro dano colateral grave da luta antiterrorista para a França e Europa». O ministro português, afirmou ainda que Chris Patten, comissário europeu responsável pelas relações económicas externas da UE, «referiu de forma clara que a assinatura deste acordo não implica a assinatura de acordos com outros países.» Ainda assim, e no encontro com Jaime Gama, Pascal Lamy procurou sossegar os Quinze, embora não tendo fechado totalmente a porta aos parceiros comerciais asiáticos. «Se outros países, além do Paquistão, se quiserem empenhar em negociações deste tipo com a União, estamos prontos a analisar a sua posição», mas segundo o mesmo «isso não faz um precedente, e explicámo-lo aos nossos amigos portugueses que nos colocaram a questão.»