Parece claro entre executivos da indústria que as muitas vantagens da China significam que o país vai continuar a ser fundamental para as estratégias de sourcing apesar do aumento dos preços, questões laborais e política governamental que é cada vez menos amiga das indústrias de baixo valor. Mas a procura de alternativas continua. Uma combinação do envelhecimento da população na China, rápida inflação de salários e benefícios e valorização da moeda significa que os concorrentes de preços mais baixos estão a ganhar negócio, explica Ben Simpfendorfer, diretor-geral da consultora Silk Road Associates. Mas embora países como o Camboja e o Vietname possam estar a ultrapassar a China no que diz respeito a crescimento do volume de exportação, continuam a ser players de nicho. «As maiores províncias de produção para exportação da China são ainda maiores do que os concorrentes low cost do sudeste asiático», destaca Simpfendorfer. «Isso permite-lhes criar economias de escala que não são facilmente replicáveis. A China tem 37% da quota de mercado mundial, por isso é um caso de para onde se pode ir? Há questões de capacidade noutros locais e deslocalizar partes significativas de capacidade para outras economias irá levar a aumentos de preços semelhantes», acrescenta. «Perseguir trabalho mais barato já não é eficiente», concorda Stephen Forte, diretor-geral de vendas mundiais na produtora de linhas Coats, que sublinha que embora o salário mínimo na China tenha aumentado entre 8% e 14% este ano, os aumentos estão igualmente a registar-se em países produtores de vestuário em todo o mundo. «A próxima China não é um local, é um como; a próxima China será determinada pela forma como trabalhamos de forma mais inteligente enquanto indústria», explica Mark Green, diretor da cadeia de aprovisionamento no PVH, citando o diretor de cadeia de aprovisionamento da empresa Bill McRaith. Mudanças na produção «O que vemos é o desenvolvimento de capacidades nos países de produção», considera Peter Kaminsky, diretor-geral de sourcing mundial na retalhista americana de vestuário de criança Carters. O resultado é clusters no Camboja e Vietname, Bangladesh, Myanmar e Índia, e no sul da Ásia, centrado na Indonésia ou Singapura. Green sublinha, contudo, que a forte base de fiações na China dá-lhe vantagem em relação a países no Sul e no Norte da Ásia mas vê mudanças significativas no comércio mundial se for acordada a Parceria Trans-Pacífico (TPP na sigla em inglês). «Se for conseguida a TPP nos próximos anos acredito que um número significativo de fiações chinesas vão estabelecer-se no Vietname e assim que a verticalidade entrar em jogo com rapidez, eficiência e eficácia, as confeções irão mover-se muito rápido», acrescenta. De uma perspetiva do calçado, Colin Browne, vice-presidente de sourcing de calçado na VF Asia, concorda. «O custo laboral está a tornar-se uma parte muito menor do custo geral. As oportunidades estão mais ligadas aos impostos e fornecimento desse mercado local. Estamos a gastar muito tempo a olhar para a América do Sul, Europa, países onde há claramente oportunidades em termos de impostos e eficiências. Enquanto maior consumidor de calçado em todo o mundo compra 2,7 mil milhões de pares de calçado por ano, à frente dos EUA com 2,4 mil milhões de pares a China vai ainda ser uma parte importante da nossa estratégia. Mas claramente vai haver crescimento noutras regiões também». Na segunda parte deste artigo, os executivos abordam a consolidação dos aprovisionamentos e outras opções de sourcing para os seus produtos.