El Corte Inglés contorna a crise

Não hÁ melhor barómetro para avaliar a economia espanhola do que se debruçar sobre as performances do El Corte Inglés, a cadeia de grandes armazéns líder do país vizinho. Após anos de euforia, o abrandamento do consumo das famílias fez-se sentir nas contas desta marca, embora o grupo mantenha a liderança na distribuição. Ao longo do exercício de 2007-2008, o volume de negócios do grupo aumentou 4,7%, situando-se nos 17,9 mil milhões de euros, o melhor da sua história. As contas para o período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008 reflectem, contudo, a nova realidade, marcada pelo abrandamento económico. Os resultados da empresa são os mais fracos registados desde 1994, data da última recessão económica em Espanha: hÁ jÁ 13 anos que o El Corte Inglés registava taxas de crescimento significativas (à volta dos 10%), o que lhe permitiu multiplicar por três o volume de negócios e posicionar o grupo no terceiro lugar das empresas não-financeiras. Isidoro Alvarez, presidente do El Corte Inglés, não esconde a sua inquietação face ao futuro, sobretudo se a procura interna diminuir e se assistirmos à continuação do abrandamento no consumo». No entanto, o grupo não renuncia às suas ambições. Os planos para abrir sete centros comerciais em diversas cidades espanholas, como Tarragona ou Salamanca, mantêm-se e vai continuar a renovação da torre Windsor, edifício emblemÁtico de Madrid, onde deflagrou um incêndio em 2005. Da mesma forma, o grupo mantém os seus planos para Portugal, com a construção de um novo complexo em Cascais. Os grandes armazéns são a principal actividade do grupo e representam 56,6% do seu volume de vendas. No entanto, nos últimos anos o El Corte Inglés diversificou as suas actividades, lançando-se em sectores tão diversos como lojas de bricolage ou ópticas. Dentro do grupo, além dos grandes armazéns, foram os hipermercados da marca Hipercor que obtiveram os melhores resultados, apesar da baixa de 2,4% nas vendas. A marca Sfera, uma cadeia de moda jovem, acusou uma perda de 13 milhões de euros, mas isso não preocupa particularmente o El Corte Inglés, que atribui esse resultado à abertura de 16 novas lojas em 2007. E revelou inclusive que vai prosseguir com o desenvolvimento desta marca em plena expansão. Por outro lado, Isidoro Alvarez exprimiu a sua satisfação quanto à evolução das vendas pela Internet. Dois milhões de clientes jÁ se registaram on-line e o site recebe mais de 65 milhões de visitas anuais. Num contexto económico difícil, o El Corte Inglés regista igualmente com satisfação os números de emprego: 4.800 pessoas foram recrutadas, o que eleva o número de assalariados para 109.800, dos quais 97.328 a tempo inteiro.