É urgente agir em prol do ambiente

Reduzir resíduos, investir na reutilização e apostar na colaboração entre indústrias para minimizar o desperdício foram algumas das ideias debatidas e defendidas na 2.ª conferência “Serei Mesmo Verde?” em Barcelos, onde a Valérius Hub teve a palavra pela ITV na defesa do ambiente.

[©Essència do Ambiente]

Um debate do ponto de vista das empresas e dos territórios sobre os desafios e as respostas para uma transição ecológica no horizonte 2030 (e 2050) foi o repto lançado em prol do ambiente na 2.ª Conferência “Serei Mesmo Verde?”, que decorreu no passado dia 4 de novembro em Barcelos.

Depois de um primeiro painel que abordou a perspetiva dos territórios e contou com as intervenções de Manoel Batista, presidente da presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e da Câmara Municipal de Melgaço, e de João Pedro Cruz, vice-presidente da Câmara Municipal de Mangualde, que deixaram uma mensagem clara: é fundamental investir em sinergias entre os territórios.

Eugénia Teixeira [©Essência do Ambiente]
Uma opinião partilhada pela diretora de sustentabilidade e circularidade da Valérius Hub, que integrou o segundo painel. Eugénia Teixeira salientou a importância da «colaboração entre indústrias para a minimização do desperdício. Cerca de 25% do reciclado não pode ser reutilizado na indústria têxtil, mas pode, por exemplo, ser usado no sector da construção. É urgente classificar todos os resíduos que se produzem dentro de uma fábrica, prolongar-lhes o ciclo de vida e evitar a sua incineração e envio para aterro».

A diretora de sustentabilidade e circularidade da Valérius Hub abordou ainda a perspetiva empresarial tendo por base o desenvolvimento de projetos que minimizam o impacto da indústria da moda no ambiente, dando como exemplo o Centro de Reciclagem da Valérius como parte integrante da estratégia de circularidade do grupo. «Em primeiro lugar está a prevenção.  Depois é urgente reduzir resíduos, investir na reutilização e na inovação para a criação de novos produtos a partir dos resíduos industriais», apontou. Outra das suas preocupações prende-se com o preço do gás: «embora já exista um grande investimento em energias alternativas, não é suficiente para o consumo do sector» garantiu Eugénia Teixeira.

Joana Soto [©Essência do Ambiente]
Já Joana Soto destacou a emergência climática e a perda da biodiversidade como grandes desafios da humanidade. «Parece que estamos a trabalhar em cima do prejuízo, com ações para tentar mitigar o problema, quando deveríamos ter apostado na prevenção» afirmou a bióloga dos Amigos da Montanha, recordando o recente relatório das ONU, a ser discutido na conferência da COP27 que está a decorrer no Egito, sobre como estão os países e as nações a aplicar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). «O que estivemos a fazer até agora não foi o suficiente. Estamos quase num ponto sem retorno e estamos na década da ação. Atuar é agora», assumiu Joana Soto, reforçando a importância da sensibilização e educação ambiental, em todas as idades, para que se dê uma mudança de paradigma de consumo assente «em consumir menos, mas com mais qualidade, mais transparência e mais consciência».

Pronuncio de revolução

A tarde terminou com a intervenção de Carlos Alberto Cardoso, assistente parlamentar acreditado (APA) no Parlamento Europeu, tendo por base a estratégia da UE a este desafio global. «Na União Europeia, o combate às alterações climáticas deveria originar uma transformação gradual e tranquila. Vai ser uma revolução, dificultando a concretização das ações que possibilitem a realização das metas e objetivos climáticos a que nos comprometemos», referiu.

Carlos Alberto Cardoso [©Essência do Ambiente]
Consciente de que não é possível atingirmos os objetivos sem estarmos todos envolvidos, o APA explicou que «a solidariedade implica sustentabilidade ambiental, económica e social. As gerações futuras merecem viver com qualidade de vida num planeta que tem limites. Para atingirmos os objetivos climáticos teremos árduos desafios a ultrapassar. Há emprego que será destruído, o preço dos transportes, da energia e matérias-primas vão aumentar. Em simultâneo, teremos novos empregos e a necessidade de novas competências técnicas. A investigação, a inovação, a educação, as empresas, as universidades, os agricultores, todos sem exceção terão de estar juntos na execução de um plano comum, mas há que atuar com transparência para se evitar que à boleia de objetivos climáticos que todos defendemos se façam jogadas e negócios nebulosos».

A 2.ª Conferência “Serei Mesmo Verde?” integrou as comemorações do 13.º aniversário da Essência – Comunicação Completa e assinalou os dois anos do seu projeto Essência do Ambiente – um blog noticioso dedicado aos temas do ambiente e da sustentabilidade que dá palco e voz a projetos e práticas sustentáveis.