Criado pelo grupo de pesquisa Ledbetter, o índice traçou a igualdade de género entre os conselhos de administração e a presidência das empresas, abrangendo 2.000 marcas. E mostrou que, em média, as mulheres representam cerca de 20% da liderança.
Embora a falta de liderança feminina nas empresas não surpreenda muitos, a cofundadora e CEO do Ledbetter, Iris Kuo, espera que a informação possa ajudar os consumidores a fazer compras mais conscientes. «Queríamos ter uma imagem completa de quem estava no comando dessas empresas», explicou Kuo ao portal Marketplace. A CEO do Ledbetter revelou ainda ter sido inspirada por uma entrevista de 2013, do jornal Washington Post, à ex-analista da Wall Street Sallie Krawcheck, que então observou que este tipo de informação ao consumidor era escasso.
«Já várias mulheres me disseram que poderiam deixar de comprar de uma empresa, se percebessem a sua desigualdade», referiu Krawcheck durante a entrevista. «Essa informação não está disponível. Com a tecnologia, as pessoas estão a transformar-se em consumidores muito mais inteligentes», considera, acreditando na pressão exercida por esta nova geração de consumidores.
As marcas presentes no índice variaram entre nomes da moda como a H&M e a Gap, que surgiram nas posições 1 e 2, respetivamente, ou empresas de cuidados de saúde como a Anthem (no posto 160) e a UnitedHealth Group (no lugar 128).
A gigante de tecnologia Samsung não tem representação feminina em nenhuma posição de liderança, classificando-se no número 222, enquanto a Apple ficou classificada na posição 155. O índice incorporou empresas das listas Fortune 100 e Forbes Most Valuable Brands, mas incluiu também empresas de capital aberto.
A igualdade de género nas empresas tem vindo a ser debatida em termos académicos e conquistado a atenção dos media – os investigadores consideram que a diversidade é importante para os pilares de uma empresa. Em fevereiro, um estudo realizado junto de 22.000 empresas em 91 países mostrou que ter mulheres na liderança aumentava a rentabilidade.
O apelo à diversidade está a acontecer em muitas indústrias, com os contributos da tecnologia, desporto e da máquina de Hollywood. Mas, no passado mês de maio, a Associated Press divulgou uma pesquisa que relatava que apenas 17 dos 324 CEO’s consultados eram mulheres.
As conclusões gerais da pesquisa da Ledbetter reiteram estas conclusões. A Coty, empresa que detém várias marcas que comercializam produtos destinados às mulheres, não tem nenhuma representação feminina no conselho ou equipa executiva. As marcas da Coty estão entre as mais conhecidas no segmento de beleza feminina: a maquilhagem da Rimmel, os produtos de beleza da Sally Hansen e da Philosophy e as fragâncias de celebridades como Beyoncé, Katy Perry, Halle Berry e Jennifer Lopez.
O marketing molda a cultura e quem se senta num lugar de chefia importa quando se trata de tomar decisões sobre a forma de apresentar os produtos aos consumidores, considera a cofundadora da Lebdetter, Camille Ricketts.
Ricketts citou a fabricante de brinquedos Mattel como exemplo. As mulheres têm um peso de 30% no conselho administrativo da empresa, mas a direção não tem mulheres, colocando a Mattel a meio da lista, no posto 170.
Ao olhar para a equipa executiva da L Brands, a empresa que detém marcas como Victoria’s Secret e Bath & Body Works, Iris Kuo sublinha que não esperava o contraste chocante que encontrou na liderança do grupo – dominada por homens. O conselho administrativo de 12 da empresa tem apenas dois membros do sexo feminino.
Apesar de o índice abranger apenas empresas de capital aberto, Iris Kuo sublinhou já que espera que a Ledbetter consiga mais recursos para expandir o banco de dados a empresas privadas no curto prazo.