dww: design dá segunda vida

Conscientes da importância de “reaproveitar, reaplicar e recontextualizar”, Célia Costa e Maria Inês Monteiro fundaram a designwithwaste (dww), empresa de design cujo objetivo é dar uma segunda vida a desperdícios vindos, por exemplo, da indústria têxtil que, de outra forma, iriam acabar em aterros sanitários. Para já, as peças desenvolvidas dividem-se em três coleções, reutilizando o têxtil, o serrim e, na última, a lona.

Durante o seu mestrado em Design Industrial e de Produto, as duas jovens perceberam que o interesse pela reutilização de materiais, que sempre nutriram, se intensificou ao descobrirem diversos projetos do género noutros países. «Aí, percebemos que este seria o caminho», recorda Célia Costa em declarações ao Portugal Têxtil. As duas avançaram então com a dissertação tendo como tema “A reutilização de desperdícios industriais e naturais”.

Com acesso privilegiado às indústrias têxteis e de mobiliário, por via familiar, o projeto começou a ganhar forma com os desperdícios de duas empresas, a Estofal, da qual são reaproveitadas espumas e tecidos, e a Bilhares Monteiro, da qual é reaproveitado o serrim. «Em ambos os casos, os materiais acabariam entregues a empresas de recolha de resíduos e não teriam qualquer outro fim – e não temos a certeza se iriam ser, ou não, reciclados», esclarece Célia Costa.

Assim nasceu a designwithwaste (dww), com o lema “reaproveitar, reaplicar e recontextualizar”. Oficialmente apresentada a 10 de março, atualmente, as peças desenvolvidas pela empresa emergente dividem-se em três coleções: numa delas é reutilizado o têxtil, noutra o serrim e, na última, são reutilizadas as lonas.

No que diz respeito aos desperdícios têxteis, foram desenvolvidos um banco e um tapete; quanto aos desperdícios de madeira, foram feitas três luminárias; e com o desperdício de lonas a dww apresentou uma linha feminina e uma masculina de acessórios como carteiras, capas para cadernos, estojos, porta-moedas, necessaires, bolsas de mão e ombro, entre outros.

Todas as peças disponíveis foram desenhadas pela dupla criativa. «No entanto, obviamente, estamos recetivas a pedidos de clientes para transformamos outro tipo de resíduo desenvolvendo um produto diferente dos que já desenhámos», ressalva, sublinhando que «as sugestões dos clientes também são abrangidas na ideia de negócio e até já surgiram alguns contactos para reutilizar outro tipo de desperdícios».

Para já e considerando a fase de arranque do projeto, os produtos podem ser conhecidos apenas na página da designwithwaste na rede social Facebook.

«Através desta rede social, conseguimos projetar a nossa visão da designwithwaste, assim como entrar em contacto direto com potenciais clientes», considera.

Procurando explorar essa proximidade, a dww esteve presente na última edição da Capital do Móvel, a convite da entidade organizadora, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira. «Houve um espaço dedicado à inovação, no qual expusemos os nossos produtos das coleções de têxtil (banco e tapete) e de serrim (luminárias). Todos estes passos resultaram num feedback muito positivo», reforça Célia Costa.

Como prova da boa aceitação, as duas jovens empreendedoras já receberam o contacto de uma empresa nacional de design de interiores e encontra-se em aberto a oportunidade de divulgação de alguns dos produtos como material de merchandising da universidade do Porto.

Olhando para o futuro, um dos principais objetivos de Célia Costa e Maria Inês Monteiro «é, essencialmente, a utilização de novos materiais para reaproveitamento». «Estamos a estudar a hipótese de nos lançarmos nos mercados externos com a participação em feiras e conferências, por exemplo», conclui a jovem empreendedora.