Do passado para o extraterrestre no Portugal Fashion
Das inspirações nas décadas de 50 a 70 de Diogo Miranda e dos anos 80 da Marques’Almeida, passando pelo jardim de Miguel Vieira, o colorido de Agatha Ruiz de la Prada e os seres extraterrestres de Alexandra Moura, a mais recente edição do Portugal Fashion reuniu propostas para todos os gostos.
Visões diferentes para a próxima estação, ou mesmo sem pensar em qualquer estação, foram mostradas em cerca de 40 desfiles que, até sábado, 15 de outubro, preencheram os cinco dias de Portugal Fashion e levaram a moda a diferentes pontos da cidade do Porto.
No Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, Carolina Sobral abriu as “hostilidades” com uma coleção marcada pela sustentabilidade, com recurso a materiais reciclados e reaproveitamento de tecidos de estações passadas.
No Passeio dos Clérigos, Maria Gambina optou por apresentar a coleção para a atual estação – o outono-inverno 2022/2023 –, que está já à venda na loja física, na Foz do Porto, e na loja online da designer. «Maria Gambina system solidifica a identidade da marca. Gráfica, divertida, colorida, detalhada e urbana são as palavras-chave», sublinha.
No dia seguinte, Nuno Miguel Ramos prestou homenagem à sua cidade. «Desde que cheguei ao Porto há dois anos, que fico maravilhado com a diversidade de arquitetura e cores nas fachadas pelas ruas fora. Cores como rosa-claro, azul-bebé, verde-água ou até azul elétrico… Magnólias por todo o lado, as gaivotas que são os despertadores pela manhã, os famosos bacalhaus pendurados nas lojas típicas à volta do Bolhão. O azul e o branco. Esta coleção é um brinde à cidade que marca um capítulo importantíssimo na minha vida», realça.
No último dia, Alexandra Moura revelou Extramundanus, uma coleção que começou a ser idealizada no dia 24 de fevereiro, o primeiro dia da invasão russa da Ucrânia, que coincidiu com a apresentação em Milão da coleção da designer portuguesa para o outono-inverno 2022/2023. As propostas para a estação quente do próximo ano revelam «um profundo desejo de uma nova Terra, da chegada de novos seres que ajudam na mudança da rede magnética do planeta, uma reprogramação da humanidade para o equilíbrio do planeta e da vida terrena», explica Alexandra Moura em comunicado. «O papel da moda também é dizer alguma coisa. No dia em que deixar de passar uma mensagem é porque a minha missão na moda acabou», afirma a designer, citada pelo Público.
Na mesma passerelle, Miguel Vieira regressou à cor, nomeadamente diferentes tons de verde, lavanda, púrpura, roda e amarelo, para mostrar os fatos clássicos que já se tornaram numa das suas imagens de marca, numa coleção batizada “O mais belo jardim do mundo”. «O nosso jardim é uma obra de arte que convida à contemplação e, simultaneamente, o epítome de como formas, cores e texturas distintas podem juntar-se de forma harmoniosa criando uma visão cénica perfeita», descreve o designer em comunicado.
No mesmo espaço, a dupla Alves/Gonçalves encerrou esta 51.ª edição do Portugal Fashion, com uma coleção sem estação pautada por uma linguagem urbana, streetwear e um conjunto de técnicas, incluindo revestimentos, iridescências e brilhos metálicos.
O concurso destacou ainda o trabalho de Kaya Magalhães, que garantiu uma menção honrosa, que com um prémio pecuniário de 1.500 euros vai igualmente desenvolver duas coleções para apresentar no Bloom e estagiar na Zeitreel.