Discriminação «surrealista» na Têxtil

Os tratamentos de resíduos e as descargas de efluentes, são duas das principais preocupações dos empresários têxteis. A problemática da «distorção da concorrência» aparece com a diferenciação nas taxas a pagar por m3 de água ao Sistema de Despoluição no Vale do Ave. Na sua maioria, as empresas ligadas a este sistema pagam cerca de 73 escudos por m3, podendo no entanto em alguns concelhos, como o de Barcelos por exemplo, pagar-se apenas 50 escudos. Também a localização do Sistema de Despoluição do Vale do Ave é criticada, pois obriga as empresas a suportar à entrada os custos do tratamento da água, mais o pré-tratamento à saída e o custo de ligação ao sistema construído de jusante para montante. Segundo um documento sobre os problemas ambientais sentidos na indústria nacional, elaborado pelo Conselho Superior da AEP, «não é admissível que o Estado, sendo o principal financiador dos sistemas colectivos públicos, não defina as mesmas regras para todos e contribua para distorção da concorrência», caracterizando a situação dos resíduos sólidos no sector têxtil como «perfeitamente surrealista»,. O mesmo relatório afirma que apenas foram tomadas medidas de «cosmética e propaganda política» ao encerrar as lixeiras e aterros que violavam a legislação ambiental, considerando ainda insuficientes e inadequados os aterros existentes. Em conjunto com as lamas (resultantes do tratamento dos efluentes líquidos), os desperdícios de tecidos de confecção, plásticos e cartão, são os principais resíduos produzidos no sector. No entanto, é a questão das lamas que assume maior destaque. Muitos empresários são obrigados a exportar as lamas para outros países a «custos exorbitantes», precisamente devido à incapacidade dos aterros existentes em Portugal. Espanha e Grã-Bretanha são os países para onde são exportados os resíduos produzidos pela indústria têxtil nacional que podem ter como destino a valorização ou a sua eliminação.