A colecção Outono-Inverno 2009/2010 de John Galliano para a Christian Dior inundou, na sexta-feira passada, a passerelle francesa de influências asiáticas. O criador britânico inspirou-se no oriente e surpreendeu a audiência com um séquito de sensuais odaliscas que, como se acabadas de sair de um harém, desfilaram com as suas faces pintadas e com os cabelos entrançados. O desfile, realizado nas Tuileries, junto ao Sena, mostrou uma colecção de peças elegantes de inspiração étnica e amplos vestidos estampados, onde a decadência luxuosa do Oriente foi mesclada com designs clássicos da própria casa Dior reinterpretados pelo estilista. Uma quase tradição, já que Galliano, que está à frente dos destinos criativos da Christian Dior desde 1997, utiliza frequentemente referências dos arquivos da casa de moda francesa e funde-os com as suas ideias mais ousadas. Para a noite, o estilista nascido em Gibraltar optou pela apresentação de vestidos de seda e de transparências sugestivas em cores brilhantes: magenta, violeta, azul, fucsia e castanhos com bordados dourados. A assistir com interesse e atenção à apresentação da colecção, a mais esperada da jornada de sexta-feira da Semana da Moda de Paris, estiveram as actrizes Charlize Theron e Milla Jovovich. A avaliar pelas criações da casa Dior, fica claro que os criadores não estão a responder à recessão económica através da apresentação de colecções sombrias e que denotem algum mal-estar social. Antes pelo contrário, tem ficado claro que as criações apresentadas apelam a um “chique em-tempos-de-crise” com peças mais decorativas que procuram, assim, animar os consumidores mais receosos. Para Galliano, «esta é uma crise de crédito, não de criatividade. Os nossos clientes continuam a querer moda, querem continuar a sentir-se inspirados. Neste momento, a moda deve estimular a moral, permitir uma fuga da realidade, ser excelente e constante». Apesar do optimismo do criador, as vendas da Dior têm sido afectadas pela actual situação económica, tendo descido perto de 7% no último trimestre de 2008 e 2,8% no total do ano (765 milhões de euros). A marca pretende reverter esta situação na segunda metade de 2009 através da continuação da aposta no reposicionamento no segmento alto do mercado. Sidney Toledano, presidente e CEO da Dior anunciou recentemente que pretende «consolidar a posição da Dior no topo da pirâmide do luxo», tentando, desta forma, uma diferenciação num mercado superpovoado.