DGI, CITEVE e CENESTAP comentam ao Jornal Têxtil a Plataforma Têxtil…

O Jornal Têxtil apresentou um comunicado do Ministério da Economia anunciando a Plataforma Têxtil, um instrumento conciliador do Governo e 17 entidades da Industria do Têxtil e do Vestuário nacional, dotando de 35 milhões de euros cerca de 50 projectos. Recuperamos agora o documento, na pertinência de o ilustrar com a resposta das várias entidades envolvidas a três questões, designadamente o comentário que a Plataforma Têxtil merece, porque não vingou a existência de dois níveis de participação- um das associações da ITV e outro das restantes entidades promotoras de projectos -(questão para as associações em particular) e um comentário à importância dos projectos envolvidos. A Plataforma para a Competitividade da Industria do Têxtil e do Vestuário – Plataforma Têxtil – será «um instrumento de natureza estratégica gerido num espirito de parceria entre os agentes privados e públicos interessados na melhoria da competitividade do sector têxtil e do vestuário» salienta um comunicado daquele Ministério. Todos os projectos apresentados ao POE e promovidos por agentes privados ou públicos e vocacionados especificamente para a ITV deverão enquadrar-se na estratégia e objectivos da Plataforma Têxtil. Serão convidados pela DGI- Direcção Geral da Industria a subscrever este acordo «as entidades que, posteriormente à sua homologação, venham a ser consideradas promotoras de projectos de Parcerias e Iniciativas Públicas -PIP, aprovados no âmbito do POE, orientados especificamente para o sector têxtil e do vestuário», adianta o comunicado. A gestão da Plataforma Têxtil será da responsabilidade de uma Comissão de Acompanhamento e Gestão – CAGE, presidida pela DGI e composta por um representante de cada uma das entidades promotoras dos projectos envolvidos. O Jornal Têxtil falou com a DGI e colocou as três questões às várias associações envolvidas, dividindo as respostas em duas peças. Nesta primeira apresentamos a declaração da DGI e as respostas do CITEVE e do CENESTAP .

  • João Neves – Direcção Geral da Indústria
  • A Direcção Geral esteve muito envolvida na discussão desta plataforma. É uma boa possibilidade de trabalho em comum desde que ela seja orientada para criar condições para a melhoria da capacidade competitiva das empresas pois é esse o sentido da nossa intervenção. A possibilidade de os projectos desenvolvidos por cada uma das estruturas associativas ou de carácter técnico que integram a plataforma serem feitos numa perspectiva de somatório de acção e não de dispersão de iniciativas é muito útil. É esse o sentido geral da nossa intervenção, é de favorecer que este tipo de abordagem seja conseguida e cumprida. No campo da promoção e imagem adoptámos uma política de pequenos passos em direcção à concertação de esforços, tão urgente quanto necessária. Saliente-se que estamos a trabalhar com base nas propostas que existiam em cima da mesa, mas há um conjunto de áreas sobre as quais é preciso fazer bastante mais com a constituição desta plataforma do que foi possível, nomeadamente ao nível da inovação e do desenvolvimento tecnológico. Fundamentalmente, a ideia é que se crie uma perspectiva de trabalho em comum que favoreça também o aparecimento de novas iniciativas e novos projectos em áreas sobre as quais nesta fase foi possível construir menos. Por exemplo, a Universidade da Beira Interior (UBI) não tinha projectos e não foi possível associar-se nesta fase, mas há todo o interesse em que todos os agentes dirigidos à Indústria Têxtil estejam presentes, e portanto a UBI é uma entidade que nós gostaríamos de ver associada no futuro. Ou a Associação da Cordoaria e Rede, com uma área específica, muito particular no âmbito do sector, que também não tinha iniciativas. Há toda a vantagem em que isto também dinamize a intervenção de outros actores que não ficaram nesta fase. Portanto no futuro, cada um dos possíveis projectos que se apresente e que se enquadre na estratégia da Plataforma é bem vindo e esta Comissão de Acompanhamento e Gestão pode absorver estas entidades a as suas respectivas iniciativas.

  • António Amorim – CITEVE
  • No que se refere a este instrumento, faz todo o sentido que todas as instituições que têm actividade na área do têxtil e do vestuário se apresentem numa plataforma com uma integração de todos os projectos , no sentido de não haver duplicações de projectos com os mesmos objectivos e, acima de tudo, que seja definida uma estratégia. As várias instituições envolvidas, dentro das suas competências, devem tentar conseguir atingir os objectivos definidos nessa estratégia. Isso é que é fundamental, porque o que se tem vindo a assistir é que, sistematicamente, cada um faz o seu projecto para ir buscar dinheiro…E é importante que as áreas de competência sejam bem claras e bem definidas, para que não andemos com sucessivas intervenções nas áreas de competência uns dos outros e com duplicações de trabalhos. O Citeve tem tido esse problema. As associações pedem-nos estudos e depois vão entregá-los a associações concorrentes do Citeve, o que não faz qualquer sentido. Se estamos todos dentro da plataforma, é para todos desenvolvermos a nossa actividade e atingir os objectivos que pretendemos. Relativamente à existência de dois níveis de participação, é uma questão que era do foro do ministro da Economia, foi ele que decidiu… É evidente que não faz sentido existirem dois níveis, porque se existem estas instituições todas é porque têm determinado tipo de competências. Acho que era importante definir bem as competências de cada um. Depois de feitas as definições das competências se calhar vai-se chegar à conclusão que algumas instituições não têm espaço no sector. No que se refere à importância dos projectos previstos, eu só tive acesso aos nomes dos projectos. E isso eu considero complicado, porque no fundo chamam-nos para uma reunião, mostram-nos os nomes dos projectos, cada um põe o nome como quer, e nós não sabemos o que está dentro dos projectos… Eu não sei o que está incluído em cada projecto, não faço a mínima ideia, se calhar até estão a fazer a mesma coisa que o Citeve propõe… É preciso haver uma estratégia, é preciso saber o que se pretende, quais os objectivos dessa estratégia e depois analisar bem as competências de cada uma das instituições que trabalham no sector, definir bem a área de actuação de cada um e o que é que vai fazer para atingir esses objectivos. Senão vamos continuar sempre a apresentar projectos porventura coincidentes, apenas com diferentes títulos.

  • Gaspar Sousa Coutinho – CENESTAP
  • Tudo depende da profundidade deste instrumento. Ainda não estão veiculados quais os pormenores desta Plataforma, se é de concertação à posteriori, se há alguma concertação à priori, e se existirá algum documento orientador que discipline a intervenção dos vários agentes pertencentes a esta plataforma. Se assim não for, esta plataforma poderá ser pouco proficiente. E se forem discutir projectos já consumados e apenas articula-los é pouco, porque o sector precisa de mais. Estamos em 2002, a fase de transição do sector têxtil e de vestuário conclui-se em 1 de Janeiro de 2005 e precisamos de um plano de emergência até essa data. Não podemos perder tempo com experiências que possam não resultar. O ideal para este instrumento funcionar bem e para não haver problemas mais tarde – que poderão ser mais graves do que os actuais – é haver um documento orientador, que possa disciplinar e orientar, determinar quais são as áreas de intervenção de cada um dos parceiros, quais são as funções e quem lidera. Nós estamos completamente abertos para discutir qual é o papel do Cenestap. O que é necessário é que se defina o papel de cada um dos parceiros desta plataforma. O Cenestap deposita muitas e