De olhos postos no Paquistão

O retalho está saturado nos países desenvolvidos e voltar as atenções para os países em desenvolvimento pode ser o caminho a seguir em busca de quota de mercado, acreditam os analistas. Neste encadeamento, o mercado moderno do Paquistão tem vindo a mostrar uma performance interessante.

Países como o Paquistão – já bem estabelecido na indústria têxtil – representam excelentes oportunidades para a expansão do mercado, considera o Sourcing Journal.

Nos últimos anos, a indústria de vestuário do Paquistão tem evoluído de forma considerável, fazendo a transição de locais que não abdicam das vestes tradicionais para consumidores ávidos de vestuário do ocidente – transferência que resultou num incremento da procura.

«O que tenho observado nos últimos cinco anos é que o estilo europeu de roupas e de forma de vestir está a invadir, cada vez mais, o Paquistão e os guarda-roupas dos jovens, principalmente das mulheres», nota Qaseem Jaffri, diretor da DS-Concept, uma instituição financeira de crédito para os mercados mundiais de pequena e média dimensão.

O vestuário ocidental tem ganho cada vez mais protagonismo em relação ao traje tradicional shalwar kameez, de acordo com Jaffri, e, como a Internet tem alimentado uma espécie de aldeia global, as marcas estão a ficar mais conhecidas e desejadas.

Além do mais, uma vez que uma esmagadora percentagem de famílias paquistanesas vive debaixo do mesmo teto, o rendimento disponível é alto para muitas pessoas.

As marcas globais que têm outlets de retalho no Paquistão fazem também o seu aprovisionamento e fabrico no país, o que significa que os preços no retalho podem, às vezes, ser mais baratos, o que atraiu mais compradores.

«O mercado consumidor está a mudar devido ao aprovisionamento global, porque estão a fazer a compra e a venda globalmente. Basicamente, o aprovisionamento está a desempenhar um papel muito eficaz», considera o diretor da DS-Concept.

A subida do aprovisionamento no Paquistão e a resultante disponibilidade de diferentes marcas de vestuário e calçado têm atraído retalhistas que procuram capitalizar a procura local. Como explica Jaffri, «os especialistas e os agentes de sourcing que entendem a diferente dinâmica do mercado têm sucesso aqui».

E algum desse sucesso parte de ter capital disponível para construí-lo.

O novo financiamento

O factoring é uma forma moderna de financiamento que está a ajudar as pequenas e médias empresas a fazerem mais negócios em países como o Paquistão. Basicamente, consiste na tomada de créditos a curto prazo por uma instituição financeira (factor), que os fornecedores de bens ou serviços (aderentes) constituem sobre os seus clientes (devedores).

Desta forma, o factoring é um mecanismo financeiro que permite às empresas um melhor financiamento do seu ciclo de exploração, uma vez que, através da sua utilização, é possível obter uma antecipação dos recebíveis dos clientes.

Este tipo de financiamento evoluiu para responder à procura do comércio moderno, proporcionando um fluxo de caixa mais imediato quando as marcas e retalhistas pagam faturas 60 dias depois.

A diferença entre o factoring e o financiamento bancário tradicional, de acordo com diretor da DS-Concept, é que os bancos não assumem a responsabilidade se o dinheiro falhar. «No factoring, não temos qualquer garantia, porque nós seguramos o risco», explica Qaseem Jaffri.

Na DS-Concept, de resto, os negócios têm vindo a aumentar de ano para ano e, em 2015, saltaram 25% em relação ao ano anterior. «Nos últimos 10 anos, todos tomaram conhecimento do factoring e o factoring ocupou o seu lugar entre os exportadores e importadores no país», afirma Jaffri. «Há muitos caminhos que estão a ser explorados no Paquistão e países em desenvolvimento», conclui.