Num jogo de exagero e contenção com a silhueta feminina, o jovem formado em design de moda pela universidade de Westminster levou na última sexta-feira, para a passerelle de “Boundless” (ver ModaLisboa sem fronteiras), peças com volumes inusitados em folhos e pelos, pintados numa paleta de tons vibrantes de azul, amarelo, turquesa, vermelho e fúcsia que deixaram a assistência sem palavras. “Uau” foi uma das interjeições exclamadas pelos presentes.

Tendo trabalhado com nomes como Iris van Herpen, Giles Deacon e Meadham Kirchhoff cedo se adivinhava que as propostas de “couture” de David Ferreira não iriam passar despercebidas aos olhos e vozes da crítica, que lhe tem têm garantido um lugar de destaque entre os designers da sua geração.
Galardoado em 2015 com o prémio internacional Made Fashion Award da VFiles pela primeira coleção, dedicada à primavera-verão 2016 e apresentada na semana de moda de Nova Iorque e, depois, com o Merit Awards da plataforma Fashion Scout da semana de moda de Londres, que lhe garantiu a entrada em duas edições do certame, o jovem designer com atelier na capital portuguesa onde, como conta ao Portugal Têxtil, «adapta as peças mostradas em passerelle para que possam ser usadas no dia-a-dia ou em ambientes festivos», foi distinguido em outubro último pela Mercedes-Benz, em Paris.
Na Cidade-luz, David Ferreira integrou o concurso Les Etoiles Mercedes-Benz, no qual 30 designers foram convidados pela marca automóve e pelo criador de alta-costura e presidente do júri Alexis Mabille a desenvolver três coordenados originais inspirados nos valores e no luxo da Mercedes-Benz.

Os coordenados de oito finalistas foram depois apresentados à imprensa, em outubro, à margem da semana de moda de Paris e, nessa noite, o júri anunciou o jovem designer como o derradeiro vencedor – distinção que lhe garantiu um prémio monetário de 15 mil euros e apoio de um ano da Mercedes-Benz.
«Acho que o mais fantástico em todos os prémios que ganhei até agora, e mesmo a oportunidade que tenho no Lab da ModaLisboa, é o facto de ter pessoas como a Eduarda Abbondanza e como o Alexis Mabille a acreditarem no meu trabalho», sublinha.

Sobre as coleções terem sentido a apetência de diferentes mercados, David Ferreira explica de forma sucinta que «hoje, essa questão das fronteiras já não se aplica à moda, as semanas de moda estão a mudar» e que, por isso, o tema da 48.ª edição da ModaLisboa – “Boundless” – não poderia estar mais de acordo com a sua filosofia.
Com a maioria da produção reservada a Portugal, showroom e relações públicas em Londres e clientes em crescendo por paragens como Kuwait, Arábia Saudita ou Dubai que, segundo o designer, «já estão habituados a olhar para uma coleção e a ver a sua potencialidade, a usabilidade das roupas mostradas em passerelle», David Ferreira não deixa de ter clientes em território nacional. «Portugal é um bom mercado para a minha marca», afirma.