ITV está a perder peso relativo A Indústria Têxtil e de Vestuário (ITV) nacional registou em 2002 um decréscimo de 2,1% do volume de negócios, atingindo segundo estimativas do Observatório Têxtil do CENESTAP, 7.842 milhões de euros. A redução das vendas não é exclusiva da ITV, já que na Indústria Transformadora (IT) a variação foi de (-) 1,1%, resultado da queda da procura interna (-2,2%), uma vez que o mercado externo exibiu-se com maior dinamismo (+ 0,4%). Os dados preliminares referentes a 2002 revelam que a ITV nacional registou uma diminuição de 5,1% do número de trabalhadores, tendo atingido, segundo estimativas do Observatório Têxtil do CENESTAP, 218.492 neste período. O sector têxtil e o de vestuário tiveram uma evolução semelhante já que no primeiro a redução foi de 5,0% e no segundo de 5,2%. Nos anos mais recentes é visível uma contínua queda do número de efectivos da ITV e que se consubstanciou numa perda de peso relativo no total da IT, conforme é atestado pelo facto de em 1994 a ITV representar 28,5%, tendo diminuído para 25,1% em 2000 (último ano em que estão disponíveis valores definitivos). Remunerações A diminuição do número de trabalhadores é acompanhada por uma diminuição do valor das remunerações globais nominais de 1,4%. O sector têxtil e vestuário contribuíram para esta evolução com taxas negativas, com o primeiro a registar uma redução menos significativa (-1,2%) do que no vestuário (-1,6%). A Indústria Transformadora mantém a tendência, tendo aumentado 0,5%, muito embora esta taxa de variação seja cada vez mais reduzida, ano após ano. Horas Trabalhadas As horas trabalhadas na ITV decresceram em 2002, tendo registado uma diminuição de 4,9%. No sector têxtil, o número total de horas trabalhadas decresceu 4,8%; no vestuário o número de horas diminuiu 4,9%. Comparativamente, esta evolução na ITV é mais acentuada relativamente à Indústria Transformadora já que nesta, a diminuição é de apenas 3,4%. Custo do Trabalho O crescimento dos custos de trabalho na ITV foi, em 2002, inferior ao registado para a totalidade da Indústria transformadora. Segundo dados do INE, o custo de uma hora efectivamente trabalhada cresceu 2,4% em 2002, inferior em 1,3 p.p. ao registado no ano anterior. A análise ao longo do ano de 2002 permite concluir que a evolução dos custos de trabalho na ITV foi relativamente homogénea, sendo esta situação também extensível à Indústria transformadora. Refira-se que entre 1995 (ano base da série) e 2002 o custo do factor trabalho cresceu, na indústria têxtil e do vestuário, 22,9%, menos 6,9 p.p. do que na Indústria Transformadora. Produção Os dados relativos a 2002 revelam que a produção da ITV nacional registou uma diminuição de 4,9%. O sector têxtil e o de vestuário contribuíram para este cenário, tendo este último apresentado um decréscimo (-6,7%) mais acentuado do que o primeiro (-3,2%). A Indústria Transformadora evoluiu em sentido contrário, tendo apresentado um ligeiro acréscimo da produção (0,3%). Confrontando a Indústria Transformadora e a ITV, é notório a crescente perda de peso relativo desta última. Tendo como base os dados definitivos até 2000 constata-se que neste ano a produção da ITV representava 12% da Indústria Transformadora, tendo diminuído 3,8 p.p. em relação a 1994. Capacidade Produtiva A utilização da capacidade produtiva instalada inverteu a tendência do ano anterior, fixando-se em 78,8%. Este aumento abrange exclusivamente o vestuário, já que aumentou de 81,5% para 84,3%, enquanto que no têxtil decresceu 0,2 p.p. fixando-se em 75,2%. O número médio de semanas de produção asseguradas pela carteira de encomendas no sector têxtil é de 7,3 semanas (em 2001 era de 8,4 semanas), No sector do vestuário assistiu-se a uma redução mais ténue deste indicador, fixando-se em 14,6 semanas em 2002 face a 14,9 semanas em 2001. Preços Ao nível dos preços praticados no mercado nacional regista-se um ligeiro decréscimo dos preços à saída da fábrica e que se traduziu numa redução de 0,9%. A tendência de crescimento que se registou em 2001, é este ano invertida, com o sector têxtil a influenciar decisivamente esta evolução, uma vez que o índice de preços na produção industrial decresceu 1,7% e no vestuário cresceu 1,1%. Na base desta evolução no têxtil estiveram, essencialmente, os sectores das empresas de fiação e fabricação de tecidos de malha, cujos preços decresceram, respectivamente, 4,9% e 2,0%. No que respeita à confecção, quer os artigos em couro quer outros artigos e acessórios de vestuário tiveram contribuições idênticas tendo aumentado, respec-tivamente, 0,8% e 1,1%. A evolução no têxtil é a inversão completa do sucedido em 2001, já que se neste ano as variações homólogas mensais foram sistematicamente positivas, em 2002 foram continuamente negativas, com especial relevância para o terceiro trimestre, período no qual esse decréscimo foi mais acentuado. Em relação aos preços no consumidor no mercado nacional registam-se ligeiras alterações, que estão relacionadas com o facto da variação dos preços do vestuário se ter verificado a ritmos superiores aos dos dois anos anteriores (em 2000 é de 0,38%, em 2001 é de 0,39% e em 2002 é de 1,46%). Tendo em conta as diferentes categorias analisadas é de destacar o crescimento dos preços no consumidor da classe de Outros artigos e acessórios de vestuário, uma vez que registou a maior taxa de crescimento (2,76%). Apesar dos preços ao nível dos consumidores terem crescido em todas as categorias, é importante realçar o comportamento dos Têxteis de Uso Doméstico uma vez que a taxa que atingiu em 2002 é inferior em 0,84 p.p. à verificada no ano anterior. Números em queda As exportações da Indústria Têxtil e de Vestuário (ITV) portuguesa decresceram 3,7% em 2002, atingindo, segundo estimativas do Observatório Têxtil do CENESTAP, 4.885 milhões de euros. Quer o sector têxtil quer o de vestuário contribuíram para esta variação, já que no primeiro a redução foi de 3,6% e no segundo de 3,8%. As importações da ITV diminuíram 3,0% em 2002, tendo atingido, segundo estimativas do Observatório Têxtil do CENESTAP, 3.209 milhões de euros. O sector têxtil apresentou um comportamento oposto ao de vestuário, uma vez que as importações decresceram 8,1%, enquanto que as de vestuário aumentaram significativamente (+8,2%). As variações descritas implicam uma deterioração da Balança Comercial da ITV (-5,1%), fixando-se o saldo comercial em 1.675 milhões de euros. A taxa de cobertura das importações pelas exportações atingiu 152,2%, menos 1,2 pontos face a 2001. A diminuição do saldo comercial da ITV nacional está directa e unicamente relacionada com a performance do sector de vestuário, quer pelo lado das exportações (diminuição), quer pelo lado das importações (aumento), traduzindo-se numa redução de 10,0% do superavit comercial do vestuário. As exportações da ITV representam, em 2002, 17,4% das exportações totais nacionais de mercadorias e as importações correspondem a 7,5%. Nos anos mais recentes, as exportações da ITV têm evidenciado uma tendência de crescimento relativamente sustentada mas que não deixa de apresentar taxas de variação pouco significativas. Refira-se que a taxa de crescimento média anual das exportações, a partir da segunda metade da década de 90, é de 3,1%, enquanto que das importações é de 5,0%.