A Confederação Europeia dos Têxteis e Vestuário elaborou o documento “Ten Steps Towards Climate Neutrality”, que foi apresentado a Kadri Simson, comissário europeu para a energia, onde enumera os passos que considera necessários para a equilibrar a neutralidade climática com a competitividade da ITV.
O documento refere que a indústria têxtil e vestuário, que emprega 1,47 milhões de pessoas e representa exportações superiores a 53 mil milhões de euros, reduziu, nos últimos 20 anos, a intensidade de utilização de combustíveis fósseis em mais de 60% e que está empenhada em descarbonizar ainda mais. Contudo, para ser uma indústria com baixa pegada de carbono será necessário a emergência de novas tecnologias para os atuais processos e isso «exige investimentos substanciais, que são difíceis de manter num ambiente muito concorrencial, sobretudo de países/regiões com ambições climáticas menos rígidas», sublinha.
Atualmente, destaca o documento, «as empresas europeias da indústria têxtil e vestuário estão a ser confrontadas com aumentos estrondosos dos preços da energia e do CO2 (diretos e indiretos). Os custos energéticos triplicaram ou até quadruplicaram nos últimos meses. Um aumento de preços que é impossível de passar aos clientes».
A Euratex alerta que face a alternativas limitadas à utilização de gás em diferentes partes do processo de produção, os custos produtivos estão a aumentar rapidamente e apelou à Comissão Europeia e aos estados-membros que apoiem a indústria e, dessa forma, evitem o encerramento de empresas.
«Precisamos de uma visão a longo prazo para avançarmos para a neutralidade climática, ao mesmo tempo que mantemos a indústria têxtil e vestuário competitiva internacionalmente», sublinha a Euratex em comunicado.
10 medidas para a neutralidade climática
Para atingir os objetivos da transição para uma indústria neutra em carbono, ao mesmo tempo que responde aos desafios da economia circular, digitalização, rastreabilidade e faz as devidas diligências junto dos fornecedores, a Euratex aponta 10 medidas.
A primeira é a existência de uma oferta segura com energia “verde” suficiente a preços competitivos em termos internacionais. A segunda está diretamente relacionada com a primeira. «A transformação da indústria requer acesso a quantidades muito significativas de energia renovável a preços competitivos. Serão também necessários investimentos adicionais em infraestruturas para garantir o acesso a novas fontes de energia renovável», escreve a Euratex.
A confederação pede ainda para serem garantidos preços competitivos para energias sustentáveis na Europa e, em quarto lugar, que as empresas europeias não sejam prejudicadas pelas práticas menos restritivas em termos ambientais de outros países e regiões.
A Euratex apela também para que as políticas europeias apoiem soluções, por exemplo através de subsídios direcionados para hidrogénio, redes energéticas, I&D e tecnologias, e que a UE tenha uma abordagem específica para as PMEs, já que as mesmas «não têm as capacidades ou know-how para melhorar ainda mais a sua eficiência energética e/ou tornarem-se neutras em carbono».
Como sétima medida, a Euratex sublinha a necessidade de apoio para tecnologias inovadores e, no oitavo lugar, pede que o chamado pacote Fit for 55 – o conjunto de propostas legislativas que visa assegurar que a União Europeia cumpre a meta de redução de 55% das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2030 em comparação com o ano de 1990 – apoie a descarbonização da indústria europeia de têxteis e vestuário.
As últimas duas medidas consistem em apelar a que as políticas europeias «não impeçam soluções», com regras definidas para as ajudas estatais que compensam a diferença entre os impostos nacionais sobre a energia ou o clima e um preço competitivo a nível mundial, e a atenção para a proporcionalidade das medidas de redução de emissões, de forma a que não afetem a competitividade das empresas da indústria têxtil e vestuário dentro ou fora do mercado europeu.