Crise não afecta dinâmica do Vale do Ave

Estudo do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP), recentemente tornado público pelo Ministério das Finanças, revela que o Vale do Ave é uma das regiões do país que recebe uma das maiores fatias do investimento de apoio à iniciativa empresarial do II e III Quadros Comunitários de Apoio. De acordo com o mesmo estudo, os concelhos do Vale do Ave estão colocados entre os mais dinâmicos do país, que também refere a dinâmica populacional e a acção polarizadora da Universidade do Minho. Se exceptuarmos Vizela e Trofa, que lideram a classificação, beneficiando da vantagem de serem os dois mais recentes concelhos do país, Vila Nova de Famalicão é no contexto nacional o município que apresenta o melhor índice de dinâmica regional. Só Vieira do Minho, no 142º lugar e Santo Tirso no 186º, este último prejudicado sobretudo por ter perdido quase 30 por cento da sua população para a Trofa, assumem uma posição que destoa num quadro francamente positivo. Os números do estudo contrastam com uma realidade algo deprimida, enquadrada numa indústria muito dependente do sector dos têxteis, vestuário e calçado, onde o ritmo das falências tem sido bastante acentuado e onde o desemprego aumenta. Aparentemente a situação é contraditória. No entanto, como explica Cadima Ribeiro, presidente da Escola de Economia e Gestão (EEG) da Universidade do Minho (UM) e um dos responsáveis pela proposta de elaboração de um Plano Regional do Minho, que aguarda aprovação do Ministério das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente, “a iniciativa empresarial faz-se de sucessos e insucessos. É típico das regiões dinâmicas terem taxas de insucesso significativas”, De acordo com o documento do DPP, a situação dos concelhos do Vale do Ave é justificada pela proximidade de duas importantes cidades, Guimarães e Braga e do país vizinho. Também tem importância a integração na Euro-Região Norte-Galiza, que reforça a dinâmica desta área territorial e deixa antever a sua inserção em espaços supra-regionais. Em relação a Vila Nova de Famalicão, apesar de ocupar o topo desta classificação, Cadima Ribeiro considera que apresenta “uma dinâmica muito semelhante a outros centros urbanos do Minho, como Braga e Guimarães” e que beneficia do facto de ser um concelho mais pequeno. O economista também salienta o facto deste concelho ter sido a par de Guimarães, um destino privilegiado dos investimentos dos programas de apoio à iniciativa empresarial. Na realidade, Vila Nova de Famalicão é um dos concelhos do norte do país mais beneficiados, pelas verbas do Programa Estratégico de Dinamização da Indústria Portuguesa (PEDIP) e recebe a quarta maior fatia nacional do Programa Operacional de Economia (POE). Além disto, é sede de duas importantes estruturas de apoio à iniciativa empresarial e ao desenvolvimento de produtos, o CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal e o CENESTAP – Centro de Estudos Têxteis Aplicados.