Uma radiante Angelina Jolie, acompanhada pelo seu cavaleiro andante Brad Pitt, iluminou a 14ª cerimónia anual da entrega dos prémios da Associação dos Actores de Cinema, em Los Angeles, envergado um amplo vestido cai-cai em castanho degragé, um modelo vintage de Hermès que jÁ se anuncia como um dos “must-have” da estação. Pouco conhecido e considerado trivial, este evento que decorreu a 27 de Janeiro teve uma repercussão excepcional por uma razão bastante simples: a anulação dos Globos de Ouro americanos, prelúdio dos Óscares agendados para o próximo dia 24, privaram os media das fotos que fazem a fortuna dos tablóides, das revistas de moda… e dos estilistas. No entanto, a greve dos argumentistas que colocou Hollywood em estado de sítio promete, pelo menos, fazer um intervalo durante a cerimónia dos Óscares, para gÁudio de vedetas, criadores e media. A indústria do “tapete vermelho”, com os seus largos milhares de fotos e vídeos de celebridades usando vestidos de um dado criador de moda, é vital nos EUA. O serviço de imprensa da Semana da Moda de Nova Iorque, que teve início na passada sexta-feira para apresentação das colecções Outono-Inverno 08/09 e termina hoje, enviou quotidianamente às centenas de jornalistas e fotógrafos presentes do mundo inteiro uma lista dos desfiles agendados para cada dia onde os nomes das celebridades esperadas apareciam em letras “garrafais”. As casas mais conhecidas não comunicam as suas listas, mas mesmo aqui a presença de alguma vedeta não representa qualquer inconveniente, bem pelo contrÁrio. Vendemos milhares e milhares de exemplares deste vestido», revela Bud Konheim, presidente da Nicole Miller, marca de pronto-a-vestir americana de gama alta, cujos ateliers estão instalados em Manhattan e que possui uma dezena de lojas espalhadas pelos EUA. Que vestido? O vestido longo “NIcole Miller”, com estampados geométricos, que Angelina Jolie usava no dia em que os fotógrafos descobriram a sua incipiente relação com Brad Pitt, que estava ainda casado com Jennifer Anniston», explica Konheim. Foi durante uma conferência de imprensa para a promoção do filme “Mr. & Mrs. Smith”, na qual eles se permitiram um breve “tête-à-tête”, que fez as delícias dos fotógrafos». Desejosa de atrair o mercado publicitÁrio, a imprensa de moda americana também não resiste ao”charme” das vedetas. Harpers Bazaar’s, Vogue, InStyle, Marie-Claire, todas multiplicam as capas com celebridades, de preferência com uma entrevista intimista nas pÁginas interiores. Mesmo a revista Elle, quer em França quer no Reino Unido, sucumbiu à ditadura da sua edição americana, para deleite das estrelas que desfilam pelas suas pÁginas. A celebridade é a chave do sucesso no nosso país. A revista InStyle foi a primeira a misturar moda e celebridades, e a receita tornou-se hoje na regra», afirma Bud Konheim, recordando em seguida o sucesso que teve sobre as passerelles uma colecção apresentada por sete actrizes americanas em 1996. Como consequência lógica, um número crescente de vedetas são tentadas a lançar a sua linha de vestuÁrio. é o caso da Gwen Stefani, recentemente convertida também ao estilismo e cuja primeira colecção foi bastante aplaudida durante a edição de Setembro último da Semana da Moda de Nova Iorque, sobretudo no momento em que a cantora surgiu na passerelle com o seu bebé nos braços. A cadeia de televisão nova-iorquina NY1 apresentava na passada sexta-feira uma reportagem sobre o início da Semana da Moda de Nova Iorque. No final da reportagem, a designer Rachel Roy comentava demoradamente os modelos que desfilaram na passerelle na companhia do seu marido, o cantor de hip-hop Damon Dash. Com esta evolução das tendências, os estilistas correm um só risco: ver as suas criações usadas por uma das dez celebridades mais mal-vestidas, um palmarés atribuído cada ano por um feroz crítico de moda americano, Richard Blackwell, e publicado em todo o mundo (ver Os desastres da moda de 2007).