Shenzhen, o maior centro produtor da província de Guangdong, na China, ordenou que todas as fábricas que não estejam envolvidas com serviços essenciais parem a produção, numa altura em que a China continua a tentar implementar a política de zero-covid.
Marcas como a Adidas, a Nike e a Uniqlo, entre outras, aprovisionam-se em fábricas em Shenzhen e, embora nenhuma delas tenha respondido aos pedidos de esclarecimento do Just Style sobre o impacto desta medida, Sheng Lu, professor associado de estudos de vestuário e moda da Universidade do Delaware, assume estar «preocupado» com o impacto potencial da política de zero-covid da China na indústria têxtil e vestuário.
17 milhões de residentes em Shenzhen estão atualmente confinados, de acordo com o The Guardian, já que o número de casos tem duplicado em apenas 24 horas, com cerca de 3.400 novos casos reportados a 13 de março.
Os trabalhadores da cidade têm de fazer testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos, conhecidos como testes PCR, numa altura em que o Governo local está a tentar quebrar a disseminação.
Todos os outros negócios não-essenciais vão ficar fechados e os transportes de autocarro e metro estão suspensos até 20 de março, uma data que poderá ser ajustada de acordo com a evolução da situação.
Outras cidades, como Jilin e Yanji, estão igualmente em confinamento parcial ou total, respetivamente.
Sourcing de vestuário em risco
A China continua a ser uma parte fundamental da cadeia de aprovisionamento de vestuário, apesar de muitos executivos da indústria terem manifestado o desejo de reduzir a sua dependência do país, sobretudo depois do impacto da pandemia e do aumento dos custos, nomeadamente com impostos. No caso dos EUA, e de acordo com o gabinete de têxteis e vestuário do Departamento de Comércio, em 2021 a China aumentou em 4,9% a sua quota nas importações americanas, para 37,76% – um aumento que já não acontecia desde 2017.
Segundo Sheng Lu, «recentemente assistimos a confinamentos e suspensão da produção mais frequentes e alargados por causa de covid no país. Shenzhen não será a última cidade a parar as operações e o problema maior é que não sabemos quem vai ser a seguir nem quando. Os negócios odeiam incerteza.
O Império do Meio é considerado como tendo a cadeia de aprovisionamento mais autossuficiente em têxteis e vestuário do mundo em termos do que é a sua produção e a quantidade de matérias-primas que importa, de acordo com o índice de vulnerabilidade da cadeia de aprovisionamento publicado pelo Just Style.
De acordo com os dados da Comtrade, a China importou 21,05 mil milhões de dólares (cerca de 19,2 mil milhões de euros) de matérias têxteis em 2020 e exportou 70,61 mil milhões de dólares, o que resulta numa balança comercial positiva de 49,55 mil milhões de dólares. Em termos de vestuário acabado, a China exportou 238,33 mil milhões de dólares, tendo importado 15,66 mil milhões de dólares em 2020.