O sector de luxo sempre foi um chamariz para os investidores e nem a pandemia retirou brilho a esta indústria. Um estudo da Deloitte, dá conta de que sete em cada dez investidores pretendem apostar neste segmento em 2020.
Ainda assim a consultora, citada pelo Jornal de Negócios, prevê que a pandemia terá «um impacto significativo» na indústria do luxo ao nível das receitas das empresas. Cerca de 40% dos inquiridos antecipam uma queda na ordem dos 21% a 30% este ano.
As maiores quedas serão nos sectores ligados às atividades ao ar livre, como cruzeiros, hotéis e restaurantes, que até ao final do próximo ano terão uma quebra de atividade que deverá rondar os 25%.
O documento da Deloitte prevê ainda que os cruzeiros de luxo sejam dos mais afetados. «O impacto da Covid-19 na venda de cruzeiros de luxo deverá ser muito prolongado, sobretudo no mercado asiático», refere.
Ainda assim, assegura Duarte Gallardas, partner e responsável da área da iIndústria de consumo da Deloitte, as empresas ligadas a estes sectores não passaram a ser ativos de risco. «Estamos a falar de ativos que, por já terem registado perdas reais face a anos anteriores e terem valores de investimento e custos fixos substanciais, podem ter, naturalmente, um risco maior face a outro tipo de investimentos. No entanto, isso não faz deles, obrigatoriamente, ativos de risco», indica.
Duarte Gallardas considera que as perspetivas são bastante positivas para a retoma da indústria como um todo. Uma opinião que se baseia sobretudo no segmento de bens pessoais, como vestuário, cosmética e joalharia.
Segundo as projeções, apenas em 2025 é que este sector deverá ultrapassar os valores de vendas alcançados em 2019.
No sector do vestuário e cosmética, onde o retorno esperado do investimento é maior, a propensão para o investimento ronda os 90% e tem como alvo, sobretudo, as pequenas e médias empresas. Cerca de 62% dos inquiridos antecipam taxas de retorno entre os 21% e os 30% no vestuário e de 64% na cosmética.
O estudo da Deloitte aponta ainda o sector da tecnologia como o «investimento estrela» pelas expectativas geradas em torno do seu crescimento, uma vez que face ao ano anterior, o interesse em investir em bens tecnológicos quase duplicou. A propensão para apostar nesta área ronda agora os 60%.
«A relação entre a tecnologia e o luxo vai estreitar-se cada vez mais a curto e médio prazo», prevê o responsável da Deloitte. «Já era relevante no período pré-pandemia e a Covid-19 veio acelerar esta ligação», acrescenta.
A Deloitte considera que podem vir a ser frequentes as parcerias entre marcas de luxo e empresas tecnológicas, não só no âmbito do desenvolvimento de produtos mas também «numa ótica de digitalização e aceleração tecnológica» das próprias marcas, ao nível das lojas e das vendas.
Numa análise mais geográfica, o destaque vai para a Ásia e o Médio Oriente, uma vez que deverão registar crescimentos entre 5% a 10% nos próximos três anos. Em sentido contrário, estão a Europa e a América, onde se espera uma recuperação de vendas de 12 a 18 meses.