Contextile encontra equilíbrio entre físico e digital

A 5.ª edição da Contextile está de volta de 5 de setembro a 25 de outubro, com 58 obras de 50 artistas da arte têxtil e contemporânea. Mesmo em tempos de pandemia, a bienal prossegue com um vasto programa que recorrerá também ao digital.

Contextile 2018

São vários os espaços culturais e as áreas públicas de Guimarães que vão acolher os artistas nacionais e internacionais participantes na Contextile 2020. A iniciativa, que vai desvendar obras da arte têxtil e contemporânea, realizar-se-á com base no tema “Lugares de Memória – Interdiscursos de um território têxtil” respeitando as devidas medidas de higiene e segurança que a situação de pandemia exige.

A exposição Internacional, que promove a região e a indústria, apresenta um programa completo que conta com exposições, residências artísticas, visitas guiadas, cinema ao ar livre, workshops e ainda debates de projetos e ideias subjacentes a esta área.

A bienal terá um leque de 58 obras de 50 artistas provenientes de 29 países diferentes, selecionados pelo júri do qual fazem parte nomes como Lala de Dios (curadora e professora de história de arte e têxtil, curadora), Janis Jefferies (curadora e professora de emérita de artes visuais), Rosa Godinho (artista plástica e têxtil), Jorge Costa (curador e diretor artístico) e Cláudia Melo (direção artística da Contextile 2020). As 58 criações foram elegidas de um total de cerca de 1.150 obras de 870 artistas de 65 países, que responderam à OpenCall com uma grande quantidade de propostas que fizeram jus ao tema elegido para a Contextile. Magda Sobón da Polónia e Stephen Schofield do Canadá são os artistas convidados a expor em diferentes locais da cidade berço de Portugal.

À semelhança do que tem acontecido noutras edições, as residências artísticas também integram o programa, dando continuidade à estratégia de cooperação e aproximação entre artistas nacionais e internacionais. Para a 5.ª edição, a Contextile convocou oito artistas para as residências artísticas, incluindo Angelina Nogueira, Paulina Almeida, Patrícia Geraldes, (Portugal); Magdalena Kleszyńska (Polónia); Mylene Boisvert e Michèle Lorrain (Quebec, em parceria com a BILP); Julia Gryboś e Barbora Zentková (República Checa, em parceria com a plataforma Magic Carpets).

A organização não esqueceu a componente educativa, tendo convidado escolas artísticas com disciplinas técnicas de têxteis para a criação e produção de alguns trabalhos, que serão apresentados na forma de exposição e instalação.

No que diz respeito às intervenções de espaço público, o certame disponibilizará uma mostra de cinema ao ar livre, a performance “Sleeping places – a love story” e ainda um projeto de intervenção multimédia proposto para os Tanques de Couros. A par de todas estas atividades decorrerão também as Textile Talks, que são uma «parte fundamental» para o enquadramento do têxtil no contexto da arte contemporânea, o workshop “Memory of Paper” e ainda visitas orientadas destinadas a artistas, escolas e público em geral.

Ajustes necessários

O facto da OpenCall para a exposição internacional ter tido um aumento de 40% nas candidaturas de artistas foi um dos motivos que levou a Contextile a prosseguir, de acordo com as declarações de Joaquim Pinheiro, coordenador da bienal, presentes no O Minho.

Contextile 2018

Para avançar com o evento de forma eficaz e além de se reger pelas normas de segurança da DGS face ao Covid-19, a Contextile teve de encontrar um equilíbrio entre o formato físico e o canal digital. «Acarinhamos esta Bienal e achamos sempre que não deveria ser cancelada, juntando áreas fundamentais como o têxtil com a cultura e a arte», afirma Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara de Guimarães ao Semanário V. «Esta Bienal é feita através de um modelo muito dialogante e de conexões com a cidade, como é o caso das intervenções que irão ocorrer no projeto do Bairro C. Queremos construir espaços de cidadania, pelo direito de cada um e do respeito pelos outros», explica.

Além de requerer mais cuidados de logística e segurança na organização da Contextile 2020, a pandemia trouxe novos desafios. «Os custos previstos aumentarem necessariamente, não tanto pela questão das máscaras e do gel. É sobretudo depois, a aposta no virtual. Há um sítio de internet de visita virtual. Há tecnologias que vamos fazer em ‘streaming’, em Zoom. Tudo isso aumenta o orçamento. Põe-se de um lado e tira-se do outro», revela Joaquim Pinheiro. «Depois da forte presença em 2018, a bienal de 2020 esteve em causa por causa da pandemia. Consultámos os parceiros, os artistas e decidimos fazer um exercício de teimosia e avançar, porque percebemos que isto não é “nós vamos lá e já voltamos”, e que era apenas necessário ajustar», conclui o coordenador da bienal.