O impacto que a inflação está a ter nos orçamentos familiares e no consumo é agora muito evidente, estando a afetar mesmo as famílias com maiores rendimentos. Novos hábitos de compra estão a emergir, com volumes mais baixos, compras mais ponderadas e mudanças nas escolhas de produtos para marcas e retalhistas mais baratos.
Embora o poder de compra esteja gradualmente a diminuir, os consumidores americanos estão a mostrar ser resilientes e ainda estão a pagar mais para manter os volumes mas, revela o Just Style, na Europa a procura deverá abrandar. As famílias de rendimentos mais baixos voltaram-se para o crédito, numa altura em que as taxas de juro se mantêm baixas.
Os consumidores já mudaram, ou planeiam mudar, o seu padrão de consumo, como fazer as suas compras em alternativas mais baratas ou comprar menos. Mas não podem ser considerados como uma massa única e homogénea no que diz respeito a estas preocupações e comportamentos, uma vez que há diferenças significativas de atitudes entre diferentes regiões, idades e rendimentos.
As previsões mundiais e os dados de inquéritos a consumidores confirmam que categorias “não-essenciais” ou “indulgentes” dentro dos bens de consumo serão as mais afetadas no futuro.
De acordo com o estudo “What Matters to Today’s Consumer”, da Capgemini, a maioria (61%) dos consumidores em todo o mundo revela estar extremamente preocupada com a sua situação financeira. Esta preocupação é mais pronunciada para os Millennials (66%) e a Geração X (64%) do que entre os Baby Boomers (55%) e a Geração Z (60%). Por país, a maior proporção de consumidores preocupados regista-se no Canadá (68%), Austrália (65%) e EUA (65%), enquanto os Países Baixos (50%) têm a menor proporção de consumidores preocupados.
Segundo o Just Style, as empresas que vendem diretamente aos consumidores devem rever a arquitetura e gama de preços para assegurar que os seus portefólios oferecem aos consumidores a possibilidade de comprar a preços de partida mais baixos ou comprar melhor, com mais benefícios que ofereçam um grande valor por dinheiro ou volumes maiores.
As marcas com a presença em categorias “não-essenciais” devem ponderar como se poderão manter relevantes e disponíveis para os consumidores, eventualmente com preços mais acessíveis ou promoções adjacentes a compras mais essenciais.
Online ganha peso
Em 2021, esperava-se que 72% dos consumidores interagissem com as lojas físicas após a pandemia, mas a atual pesquisa revela que apenas 61% dos consumidores estão atualmente a interagir com elas.
Também a interação dos consumidores com os canais online diminuiu, embora a tendência seja de estabilização. Em novembro de 2022, a percentagem de consumidores que interagiram com retalhistas online baixou para 33% (em comparação com 38% em novembro de 2021), com as expectativas a longo prazo a apontarem para 38%, sugerindo a estabilização das interações online e um crescimento generalizado face aos valores pré-pandemia.
Sustentabilidade em segundo plano
O aumento dos custos está ainda a ter efeitos sobre as preferências relacionadas com a sustentabilidade. Mais de metade (54%) dos consumidores reconhece valorizar o preço acima da sustentabilidade de um produto quando toma decisões de compra.
Em resumo, aponta a Capgemini nas conclusões do estudo, «os consumidores de hoje querem produtos sustentáveis a preços de partida acessíveis e esperam que as empresas os ajudem a ultrapassar este momento difícil. As marcas e retalhistas devem tornar as coisas muito mais fáceis para os consumidores, reduzindo os seus custos e oferecendo novas formas criativas de fornecer acessibilidade e sustentabilidade. Do nosso inquérito a mais de 11 mil pessoas em todo o mundo, também se tornou claro que os consumidores estão a ser cada vez mais influenciados pelas redes sociais e muitos estão a fazer compras com base em influenciadores que seguem, sobretudo as gerações mais jovens».